Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar a falar de Santa Clara “Plantinha” do Pai Seráfico.
A formação diária das Irmãs
Outra Irmã, chamada Amata, jazia doente de hidropisia havia treze meses, consumida também pela febre, a tosse e uma dor de lado. Compadecida dela, dona Clara recorreu àquele nobre sistema de sua arte medicinal: marcou-a com a cruz no nome de Cristo e no mesmo instante devolveu-lhe a saúde completa. Outra serva de Cristo, oriunda de Perusa, de tal modo perdera a voz ao longo de dois anos que mal podia articular palavra audível. Na noite da Assunção de Nossa Senhora, teve uma visão de que dona Clara a curaria e esperou ansiosa pelo dia. Quando amanheceu, correu à madre, pediu-lhe que a marcasse com a cruz e recuperou a voz logo que foi assinalada. Uma Irmã chamada Cristiana tinha sofrido por muito tempo de surdez em um ouvido e experimentara em vão muitos remédios para o mal.
Dona Clara fez-lhe o sinal na cabeça com clemência, tocou-lhe a orelha e na mesma hora ela recuperou a faculdade de ouvir. Era grande o número de Irmãs doentes no mosteiro, aflitas por vários achaques. Clara foi vê-las como de costume, com seu remédio habitual, e, em cinco vezes que fez o sinal da cruz, curou cinco na hora. Por esses fatos, fica patente que no coração da virgem estava plantada a árvore da cruz, cujo fruto restaura a alma, cujas folhas oferecem remédio para o corpo. Verdadeira mestra dos rudes e formadora de jovens no palácio do grande Rei, ensinava-as com tal pedagogia e as formava com tão dedicado amor que não há palavras para dize-lo. Primeiro, ensinava a afastar de dentro da alma toda convulsão, para poderem firmar-se só na intimidade de Deus. Depois, ensinava-as a não se deixar levar pelo amor dos parentes segundo a carne e a esquecer a casa paterna para agradar a Cristo.
Exortava a não ligar para as exigências do corpo frágil, dominando com a razão os impulsos da carne. Mostrava que o inimigo insidioso arma laços ocultos para as almas puras e não tenta os santos como tenta os mundanos. Queria que tivessem tempos certos de trabalhos manuais para que, como queria o fundador, se afervorassem depois pelo exercício da oração, fugindo ao torpor da negligência e expulsando o frio da falta de devoção pelo fogo do santo amor. Nunca houve maior observância do silêncio nem maior demonstração e prática de toda honestidade.
Lá, não havia o espírito de conversas à-toa nem palavras levianas mostrando afetos frívolos. A própria mestra, de poucas palavras, resumia em alocuções breves a abundância de sua mente. Por meio de devotos pregadores, cuidava de alimentar as filhas com a palavra de Deus e não ficava com a parte pior. Quando ouvia a santa pregação, ficava tão inundada de gozo e gostava tanto de recordar o seu Jesus que, uma vez, durante a pregação de Frei Filipe de Atri apareceu um menino muito bonito para a virgem Clara e a consolou durante grande parte do sermão com as suas graças. Amém.
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.