Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o TRATADO DOS MILAGRES de Tomás de Celano. Sobre a Senhora Jacoba de Settesoli.

Um dos companheiros, justamente o que preparava a partida do mensageiro, foi à porta e encontrou aquela que procurava como ausente. Todo admirado, correu rapidíssimo para o santo e, sem se conter de tanta alegria, disse: “Eu te trago boas novas, pai! ” Antes de ouvir, o santo respondeu imediatamente: “Bendito seja Deus que nos enviou nosso irmão, Senhora Jacoba! Abri as portas e introduzi-a, pois, o decreto sobre as mulheres não deve ser observado por Frei Jacoba”. Houve muita exultação entre os nobres hóspedes, e uma profusão de lágrimas por entre as ternuras do espírito. E para que nada faltasse ao milagre, descobriu-se que a santa mulher trouxera tudo que havia na carta, já antes escrita, para as exéquias do pai: um pano cinza para envolver o pequeno corpo do que estava partindo, muitas velas, um sudário para o rosto, um travesseiro para a cabeça, e mesmo alguns daqueles bolos que o santo apreciava. Tudo o que o espírito dele tinha desejado fora sugerido por Deus. Vou narrar o evento dessa peregrinação, para não deixar sem consolação a nobre peregrina. Uma grande multidão, sobretudo da população devota de Assis, esperava o próximo nascimento do santo pela morte. Mas, pela chegada da piedosa romana, o santo ficou mais forte, e se espero que fosse vencer mais um pouquinho. Por isso a senhora quis despedir a comitiva, ficando só ela com os filhos e alguns escudeiros. O santo disse: “Não, porque vou morrer no sábado; partirás domingo de volta com todos”. Assim foi feito: na hora anunciada, aquele que lutara com bravura na Igreja militante entrou na triunfante. Não vou falar do povo que acorreu, das vozes jubilosas, dos sinos solenes, dos rios de lágrimas, do choro dos filhos, dos soluços dos amigos e dos suspiros dos companheiros. Vou contar como a peregrina, que ficou sem a consolação do pai, pôde ser confortada. O vigário do santo levou-a à parte, em segredo, toda banhada em lágrimas, e colocou em seus braços o corpo do amigo: “Vem, disse, recebe também defunto aquele que amaste quando vivia”. Derramando lágrimas ainda mais quentes sobre o corpo, ela gemia e soluçava, repetindo lânguidos abraços e beijos. Afastou o sudário para velo revelado. Que mais? Contemplou aquele vaso precioso em que estivera escondido um tesouro tão precioso, ornado por cinco pérolas. Observou aquelas marcas que só a mão do Onipotente fizera para serem admiradas em todo o mundo. Plenificada pelas inusitadas alegrias, reviveu no amigo morto. Logo lhe pareceu que tão inaudito milagre não devia ser dissimulado nem ficar de alguma maneira encoberto: tinha que ser posto diante dos olhos por um plano providencial. Por isso todos começaram a acorrer à porfia para ver o espetáculo e admiraram espantados como Deus não fizera assim em nenhuma outra nação. Suspendo a pena: não quero balbuciar sobre o que não poderia explicar. João de Frangipani, então menino, futuro procônsul de Roma e conde do Sagrado Palácio, atesta com juramento, para confusão de todos os céticos, tudo o que ele então livremente em companhia de sua mãe pôde ver com seus olhos e tocar com suas mãos.  …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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