Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre uma visão relacionada com a pobreza.
Aos que vinham para a Ordem, ensinava o santo que antes deviam entregar ao mundo o libelo de repúdio, pondo primeiro suas coisas para fora para depois poderem oferecer a si mesmos a Deus, por dentro. Só admitia na Ordem os que já se tivessem despojado de toda propriedade, sem ter guardado nada para si, tanto para observar a palavra do Evangelho como para evitar que os bens retidos fossem motivo de escândalo. Aconteceu que uma vez, depois de uma pregação do santo em Marca de Ancona, um homem foi ter com o ele pedindo humildemente para entrar na Ordem. O santo disse: “Se te queres juntar aos pobres de Deus, distribui primeiro o que é teu aos pobres do mundo”. Ouvindo isso, o homem foi e, levado pelo amor carnal, distribuiu o que tinha entre os seus, sem dar nada para os pobres. Quando voltou e contou ao santo sua generosidade, respondeu-lhe rindo o pai: “Vai embora, irmão mosca, porque ainda não deixaste tua casa e teus parentes. Deste o que era teu aos parentes e defraudaste os pobres (cfr. Eclo 34,25), por isso não és digno dos pobres santos. Começaste pela carne, puseste um fundamento de ruína para o teu edifício espiritual”. Voltou para casa aquele “homem animal” (cfr. 1Cor 2,14), pediu de volta o que era seu e não tinha querido deixar para os pobres, e desanimou logo de seu propósito de virtude. São muitos, hoje, os que se enganam fazendo erradamente a distribuição, pois querem entrar numa vida santa e lhe dão um começo material. Pois ninguém se consagra a Deus para enriquecer os parentes, mas para remir os pecados com o preço da misericórdia e para adquirir a vida pelo fruto das boas obras. Ensinou muitas vezes que, ‘se os frades passassem necessidade’, deveriam recorrer a outras pessoas, mas não aos que estavam entrando na Ordem, primeiro para dar exemplo e depois para evitar toda aparência de aproveitamento desonesto. Quero contar aqui uma visão memorável do santo. Certa noite, depois de concluir uma longa oração, acabou adormecendo lentamente. Sua santa alma foi levada para o santuário de Deus e viu em sonhos, entre outras coisas, uma senhora que assim se apresentava: cabeça de ouro, peito e braços de prata, ventre de cristal e, daí para baixo, nas extremidades, de ferro. Era de estatura alta, talhe esbelto e bem proporcionada. Mas a senhora cobria suas belas formas com um manto sórdido. Quando se levantou, pela manhã, o bem-aventurado pai contou a visão ao santo homem que era Frei Pacífico, mas sem revelar o que pretendia. Muita gente já deu suas interpretações como quis, mas não acho fora de propósito apresentar a que foi dada pelo próprio Frei Pacífico, que lhe sugeriu o Espírito Santo, quando ouviu o caso. Disse: “Essa mulher de forma egrégia é a alma de São Francisco. A cabeça de ouro é a contemplação e a sabedoria das coisas eternas. O peito e os braços de prata são as palavras de Deus meditadas no coração e cumpridas em obras. A dureza do cristal demonstra sua sobriedade e o esplendor, sua castidade. O ferro é a firmeza da perseverança. E podemos crer que o manto miserável é o pobre corpo que continha aquela preciosa alma”. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.