Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre a compaixão de São Francisco para com os pobres.
E podemos crer que o manto miserável é o pobre corpo que continha aquela preciosa alma”. Muitos outros, porém, que possuem o espírito de Deus, acharam que essa senhora era a pobreza, como esposa do santo Pai. Dizem que “ela foi feita de ouro pelo prêmio da glória, de prata pela glória de sua fama, cristalina por ser a mesma por dentro e por fora sem nada para esconder, e de ferro porque perseverou até o fim. O manto sórdido desta preclara senhora foi tecido para ela pela reputação que tem entre os homens animais”. Muitos aplicam esse oráculo à religião, de acordo com a sucessão de tempos de Daniel. Mas podemos acreditar que se referia principalmente ao pai, que, para evitar a vanglória, se recusou absolutamente a dar uma interpretação. Não teria deixado passar em mudo silêncio se referisse à Ordem. Quem poderá contar toda a compaixão que esse homem tinha para com os pobres? De fato, era de uma clemência nata, redobrada pela piedade infusa. Por isso, o ânimo de Francisco se derretia pelos pobres e aos que não podia estender a mão demonstrava seu afeto. Qualquer necessidade ou penúria que visse em alguém faziam-no pensar na mesma hora em Jesus Cristo. Via o Filho da pobre Senhora em todos os pobres, pois o levava despojado em seu coração como ela o tinha carregado em seus braços. Apesar de se ter livrado de toda inveja, não conseguiu libertar-se da cobiça da pobreza. Quando via alguém mais pobre do que ele, sentia-se logo invejoso e, disputando em pobreza, ficava com medo de ser vencido pelo outro. Aconteceu certo dia, em que o homem de Deus andava pregando, encontrou um pobrezinho na rua. Vendo-o sem roupa, ficou compungido e, voltando-se, disse a seu companheiro: “A miséria desse homem é uma grande vergonha para nós, e repreende muito a nossa pobreza”. O companheiro respondeu: “Por que, irmão? ” E o santo, com voz de lamento: “Escolhi a pobreza como minha senhora e toda minha riqueza, e ela está brilhando muito mais nesse homem. Ou não sabes que por todo o mundo correu nossa fama de pobres por amor de Cristo? Pois esse pobre está provando que isso não é verdade”. Ó desconhecida inveja! Ó emulação que tem que ser emulada por seus filhos! Não é aquela que se aflige com os bens alheios, não é aquela se escurece com os raios do sol; não é aquela que se opõe à piedade; não é aquela que sofre pela lividez. Pensas que a pobreza evangélica não tem nada para ser invejado? Tem Cristo e, nele, tudo em todas as coisas (cfr. 1Cor 12,6). Por que cobiças rendimentos, ó clérigo de nossos dias? Amanhã, quando só tiveres nas mãos os lucros dos tormentos, ficarás sabendo que rico de verdade foi Francisco. Num outro dia de sua pregação, chegou ao lugar um pobrezinho doente. Compadecido por seu duplo sofrimento, a miséria e a dor, começou a conversar com um companheiro sobre a pobreza. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.