Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre o tempo, o lugar e o fervor do orante.
Peregrinando pelo corpo longe do Senhor, Francisco, o homem de Deus, procurava fazer seu espírito estar presente no céu. Já feito concidadão dos anjos, só estava separado deles pela parede do corpo. Sua alma inteira tinha sede do seu Cristo e a ele dedicava não só o coração, mas também todo o corpo. Das maravilhas de sua oração, vamos contar o pouco que vimos com nossos próprios olhos e tanto quanto é possível transmitir algumas poucas coisas a ouvidos humanos, para imitação dos pósteros. Empregava todo o seu tempo nessa santa ocupação, para gravar a sabedoria em seu coração porque, se não estivesse sempre progredindo, achava que estava regredindo. Quando era impedido por visitas de seculares ou por outros assuntos, interrompia-os antes do fim e voltava para o retiro. Para ele, que se alimentava da doçura celeste, o mundo era insípido. As delícias celestiais tinham-no tornado incapaz de suportar os grosseiros prazeres dos homens. Procurava sempre um lugar escondido, onde pudesse entregar a seu Deus não só o espírito, mas cada um dos membros. Quando estava em lugares públicos e era visitado de repente pelo Senhor, para não ficar sem cela, fazia um pequeno abrigo com sua própria capa. Às vezes, quando estava sem capa, para não perder o maná escondido, cobria o rosto com as mangas. Furtava-se sempre aos olhares dos presentes, para que não se dessem conta da presença do Esposo e para poder rezar sem que o percebessem, mesmo nos estreitos limites dum navio. Afinal, se não o conseguia fazer nada disso, fazia de seu próprio peito um templo. O esquecimento de si, absorvido em Deus, lhe tiravam as manifestações e gemidos, os duros suspiros e os movimentos exteriores.Isso em casa. Quando rezava em florestas ou lugares ermos, enchia os bosques de gemidos, derramava lágrimas por toda parte, batia com a mão no peito e, achando-se mais oculto que não esconderijo, conversava muitas vezes em voz alta com o seu Senhor. Respondia ao juiz, fazia pedidos ao pai, conversava com o amigo, entretinha-se com o esposo. De fato, para fazer um holocausto múltiplo de todas as medulas de seu coração, propunha a seus próprios olhos de muitas maneiras aquele que é sumamente simples. Muitas vezes ficava ruminando com os lábios parados, e, levando para dentro todo o seu exterior, elevava-se até os céus. Transformado não só em orante mas na própria oração, unia a atenção e o afeto num único desejo que dirigia ao Senhor. De que suavidade não era invadido, ele que estava acostumado a orar dessa forma! Só ele é quem sabe. Eu apenas posso admirá-lo. Só quem tem a experiência disso pode saber; não é concedido aos que não experimentaram: assim, fervendo agudamente no fervor do espírito, com toda a aparência e absolutamente toda a alma derretida, já morava no reino do céu, na pátria do alto. O bem-aventurado pai se acostumara a não perder por negligência nenhuma visita do Espírito, e por isso, quando lhe era oferecida alguma, seguia-a, saboreando a doçura que lhe era dada enquanto o Senhor o permitia. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.