Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Tentações que sofreu em um lugar solitário e sobre a visão de um irmão.

“Para dizer a verdade, eu não me lembro de nenhuma ofensa que, pela misericórdia de Deus, já não tenha lavado pela penitência, porque a sua bondade paterna sempre me tratou assim, mostrando-me na oração e na meditação o que lhe agradava e o que lhe desagradava. Mas pode ser que tenha permitido a seus carrascos que me atacassem porque não fica bem diante dos outros, essa minha permanência na corte dos grandes”. Os meus irmãos, que moram em lugares pobrezinhos, quando ouvirem dizer que estou com cardeais, na certa vão pensar que estou nadando em delícias. Por isso, irmão, acho melhor que aquele que é posto como exemplo fuja das cortes e também acho que os que padecem privações se fortalecem suportando essas coisas”. Vieram de manhã e, tendo contado tudo, despediram-se do cardeal. É bom que os frades palacianos conheçam esse fato e saibam que são abortivos desde o seio de sua mãe. Não condeno a obediência mas repreendo a ambição, o ócio, os prazeres; afinal, proponho absolutamente Francisco para todas as obediências. Suspenda-se, todavia, tudo que desagrada a Deus porque agrada aos homens. Lembro-me de um caso que acho que não pode ser deixado de lado. Certo frade, vendo que outros irmãos moravam em um palácio, levado por não sei que vanglória, quis ser palaciano com eles. Estando cheio de curiosidade pela corte, numa noite viu em sonhos os referidos irmãos postos para fora do lugar dos frades e separados de sua companhia. Viu-os também a comer numa vilíssima e imunda gamela de porcos, onde havia grão de bico misturado com esterco humano. Diante disso, o frade ficou assustadíssimo e, quando se levantou pela manhã, já não queria mais saber de palácios. Chegou uma vez o santo, com um companheiro, a uma igreja situada longe das casas, e desejando oferecer a oração sozinho, admoestou o companheiro dizendo: “Irmão, gostaria de ficar sozinho aqui nesta noite. Vai para o hospital e volta a mim amanhã cedinho! ” Depois de ter passado muito tempo sozinho, em devotíssimas e longas orações que derramou para o Senhor, olhou ao redor procurando um lugar para reclinar a cabeça e dormir. Mas, de repente, perturbado no espírito, começou a ter medo e fastio, tremendo no corpo por todo lado. Sentia com clareza os ataques diabólicos e ouvia bandos de demônios correndo ruidosamente por cima do telhado. Levantou-se imediatamente, foi para fora e, fazendo o sinal da cruz na fronte, disse: “Da parte de Deus todo-poderoso eu vos digo, demônios, que façais em meu corpo tudo que vos tenha sido permitido. Suportarei de boa vontade porque, não tendo maior inimigo que meu próprio corpo, vingando-se de mim havereis de vingar-me de meu adversário”. Por isso, eles, tinham se ajuntado para afastar o espírito, vendo um espírito mais pronto na carne debilitada, confundidos de vergonha, desapareceram de uma vez. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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