Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre a chaga do lado vista por alguém.
Frei Pacífico se prostrou imediatamente e perguntou, dizendo com humildade: “Que aborrecimento te causei, mãe caríssima? ” O bem-aventurado Francisco não respondeu e o incidente acabou por aí. Embora as chagas das mãos e dos pés, colocadas em lugar aberto, tivessem ficado à vista de alguns, só houve uma pessoa que viu a chaga do seu peito enquanto esteve vivo, e uma vez só. Porque todas as vezes que tirava a túnica para limpar, cobria com o braço direito a chaga do lado. Mas às vezes cobria aquela bem-aventurada chaga pondo a mão esquerda no lado traspassado. Mas um companheiro, quando o estava massageando, escorregou a mão para a ferida e lhe causou uma dor muito grande. Outro frade, cheio de curiosidade por ver o que estava escondido para os outros, disse um dia ao santo Pai: “Pai, quer que te limpe a túnica? ” O santo respondeu: “Que o Senhor te recompense, irmão, porque de fato estou precisando”. Enquanto ele se despia o frade espiou com olhos atentos e viu a chaga marcada no peito. Foi só esse que a viu durante a vida, e mais nenhum até sua morte. Foi assim que esse homem renunciou a toda glória que não tivesse o sabor de Cristo. Foi assim que lançou um anátema eterno contra todos os favores humanos. Sabia que o preço da fama era o desgaste do segredo da consciência e que era muito mais perigoso abusar das virtudes que não as possuir. Sabia que não era menor virtude defender as conquistas já feitas que conquistar novas. Ai de nós, que somos levados mais pela vaidade que pela caridade, deixando que o reconhecimento do mundo prevaleça sobre o amor de Cristo. Não discernimos nossas afeições, não provamos o espírito e, levados a agir por vanglória, achamos que agimos por caridade. Quando chegamos a fazer algum bem, por menor que seja, não suportamos o seu peso, deixamos escapar tudo nesta vida e chegamos de mãos vazias à última praia. Conformamo-nos com a nossa falta de bondade, mas não suportamos que os outros o saibam e não acreditem em nós. Assim vivemos totalmente para os elogios dos homens, porque não somos nada mais que homens. A humildade é garantia e honra de todas as virtudes. O edifício espiritual que não a tem por base caminha para a ruína mesmo quando parece estar crescendo. Como não podia faltar a um homem ornado de tantos dons, a humildade tinha-o cumulado com a maior fecundidade. A seu entender, não passava de um pecador, embora fosse um deslumbrante exemplar de toda espécie de santidade. Tratou sempre de edificar a si mesmo sobre a humildade, colocando o fundamento que tinha aprendido de Cristo. Esquecido do que já lucrara, só punha diante dos olhos os próprios defeitos, olhando mais o que faltava do que o que possuía. Seu único desejo era ser melhor e conquistar novas virtudes sem se contentar com as que já tinha. Era humilde de presença, mais humilde de sentimento e muito mais humilde no conceito que fazia de si mesmo. Príncipe de Deus, não levava em conta que era um prelado, mas apenas essas preciosas joias: conseguira ser o mínimo entre os menores. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.