Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre um exemplo de um bom frade e sobre os costumes dos irmãos antigos.
Achava que pedir essa obediência era coisa muito aceita por Deus. Achava que raramente se devia mandar por obediência e que não se devia ir atirando logo no começo uma flecha que devia ser a última. “Não se deve pôr logo a mão na espada”, dizia. Mas também achava que não temia a Deus nem respeitava os homens aquele que não se apressasse a cumprir um preceito da obediência. Nada mais verdadeiro. De fato, a autoridade na mão de um superior temerário é como uma espada na mão de um louco. E o que é mais desesperado que um religioso que despreza a obediência? Uma vez, arrancou o capuz de um frade que tinha vindo sozinho sem obediência e mandou jogá-lo numa fogueira. Com medo do rosto um tanto alterado do santo, ninguém foi pegar o capuz, mas ele mesmo mandou tirá-lo das chamas e não estava nem um pouco estragado. Isso foi devido aos méritos do santo, mas, talvez, também um pouco ao merecimento do frade. Porque tinha sido levado pela devoção de ver o pai santíssimo, embora sem a discrição, que é a guia de todas as virtudes. Afirmava que os frades menores tinham sido enviados nestes últimos tempos pelo Senhor para darem exemplos de luz aos pecadores envolvidos nas trevas. Dizia que se sentia penetrado por suavíssimos perfumes e sentia que lhe passavam um precioso ungüento quando ouvia contar os grandes feitos dos santos frades que moravam longe pelo mundo afora. Uma vez um certo Frei Bárbaro feriu com palavras de injúria um outro frade diante de um nobre da ilha de Chipre. Quando viu que o outro tinha ficado magoado com suas palavras, pegou esterco de burro e, para vingar-se de si mesmo, colocou-o na boca dizendo: “Que mastigue esterco essa língua que soltou o veneno da ira em cima do meu irmão”. Vendo isso, o cavaleiro ficou atônito e foi embora muito edificado. Desde então, colocou-se à disposição dos frades, com todos os seus haveres. Assim costumavam agir os frades infalivelmente: se alguma vez algum deles perturbava o outro com suas palavras, logo se prostrava no chão e beijava os pés do ofendido mesmo contra sua vontade. O santo ficava exultante com essas coisas, quando sabia que seus filhos eram capazes por si mesmos de dar exemplos de santidade, cobrindo com suas bênçãos os frades que, mais dignos do que se possa dizer, por palavras ou ações, levavam os pecadores para o amor de Cristo. Estava cheio de zelo das almas, queria que seus filhos fossem nesse ponto como ele. Da mesma maneira, quem comprometia a Ordem com más ações e maus exemplos incorria na sentença pesada de sua maldição. Contaram-lhe, um dia, que o bispo de Fondi tinha dito a dois frades que se haviam apresentado com a barba mais comprida a pretexto de melhor desprezarem a si mesmos: “Tomem cuidado para que a beleza da religião não se deturpe com novidades desse tipo”. O santo levantou-se na mesma hora, ergueu as mãos para o céu e, banhado em lágrimas, prorrompeu nesta oração, ou até melhor, nesta imprecação. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.