Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre a submissão que queria que seus frades tivessem para com os clérigos, e porquê.
Cada um vai receber sua recompensa de acordo com o trabalho, não com a autoridade. Sabei, irmãos, que o proveito das almas agrada muito a Deus, e que é mais fácil consegui-lo pela paz que pela discórdia com os clérigos. Se eles estiverem servindo de empecilho para a salvação do povo, cabe a Deus o direito de punir e ele há de retribuir-lhes com o tempo. Portanto, sede submissos aos prelados para que, por vossa causa, não surja problema algum. Se fordes filhos da paz, lucrareis para o Senhor o clero e o povo, coisa que o Senhor acha muito mais vantajoso que conquistar o povo escandalizando o clero. Encobri as suas fraquezas, supri as suas muitas falhas e, quando tiverdes feito isso, sede mais humildes ainda”. Certa vez, chegando São Francisco a Ímola, cidade da Romanha, apresentou-se ao bispo do lugar, para pedir licença de pregar. O bispo disse: “Irmão, eu mesmo prego a meu povo, e é o quanto basta”. São Francisco curvou a cabeça humildemente e saiu. Mas voltou para dentro uma hora depois. O bispo perguntou: “Que desejas, irmão? Que queres, outra vez? ”. Disse o bem-aventurado Francisco: “Senhor, se um pai põe um filho para fora por uma porta, ele tem que entrar pela outra”. Vencido por essa humildade, o bispo o abraçou com rosto alegre e disse: “Tu e todos os teus frades podeis pregar de agora em diante em minha diocese com uma licença geral de minha parte. Isso foi conseguido pela tua santa humildade”. Encontraram-se em Roma com o senhor de Óstia, que depois foi Sumo Pontífice, os preclaros luminares do mundo: São Domingos e São Francisco. Depois de terem conversado com as coisas muito agradáveis a respeito de Deus, disse-lhes o bispo: “Na Igreja primitiva os pastores da Igreja eram homens pobres e transbordavam de caridade, não de cobiça. Por que não fazemos bispos e prelados os vossos frades que se destacam entre os outros pela doutrina e pelo exemplo? ”. Surgiu então entre os dois santos uma porfia, não para ver quem respondia primeiro, mas porque um cedia ao outro a honra e assim queria obrigá-lo a responder antes. Na realidade, superavam-se numa competição de mútua veneração. Por fim a humildade venceu Francisco, para que não se oferecesse, e também venceu Domingos para que, respondendo primeiro, obedecesse humildemente. Disse, pois, o bem-aventurado Domingos ao bispo: “Senhor, meus frades já foram promovidos a um bom grau, se o souberem reconhecer, e, se depender de mim, não permitirei que assumam outro tipo de dignidade”. Depois que ele fez esse breve discurso, São Francisco se inclinou diante do bispo e disse: “Senhor, meus frades têm o nome de menores para não presumirem ser maiores. Sua vocação ensina-os a ficar embaixo, seguindo os vestígios de Cristo, e dessa maneira, na glorificação dos santos, serão mais exaltados que os outros. Se queres que produzam fruto na Igreja de Deus, conservai-os no estado de sua vocação. Reduzi-os ao chão, mesmo contra sua vontade. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.