Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Como as próprias criaturas retribuíam o seu amor, e sobre o fogo que não o feriu.
Recolhia do caminho os vermezinhos, para que não fossem pisados, e mandava dar mel e o melhor vinho às abelhas, para não morrerem de fome no frio do inverno. Chamava de irmãos todos os animais, embora tivesse preferência pelos mais mansos. Quem poderia contar tudo? Pois toda aquela Fonte de bondade, que vai ser tudo em todos, já iluminava tudo em tudo para este santo. Assim, todas as criaturas procuravam retribuir o amor do santo e recompensá-lo à altura, com gratidão. Sorriam quando as acariciava, atendiam quando chamava e obedeciam quando mandava. Que vos agrade a relação de alguns. Quando esteve doente dos olhos e teve que permitir que o tratassem, chamaram um cirurgião. Ele veio com um ferro de cauterizar e mandou colocá-lo no fogo até ficar em brasa. O bem-aventurado pai, animando o corpo já abalado pelo medo, assim falou com o fogo: “Meu irmão fogo, o Altíssimo te criou forte, bonito e útil, para emulares a beleza das outras coisas. Sê para mim propício nesta hora, sê cortês, porque eu sempre te amei no Senhor. Rogo ao grande Senhor que te criou, para que abrande um pouco o teu calor, para que queime com suavidade e eu possa aguentar”. Acabada a oração, fez o sinal da cruz e ficou esperando intrepidamente. Quando o médico segurou o ferro candente e em brasa, os frades fugiram por respeito, mas o santo se apresentou ao ferro alegre e sorridente. O instrumento penetrou crepitando na carne delicada e a cauterização se estendeu desde a orelha até o supercílio. Toda a dor que aquele fogo causou testemunham as palavras do santo, que as sentiu melhor. Pois quando os frades, que tinham fugido, voltaram, o pai disse sorrindo: “Covardes e fracos de coração, por que fugistes? Na verdade, eu vos digo que não senti nem o ardor do fogo nem dor alguma em minha carne”. E voltando-se para o médico: “Se a carne ainda não está bem cozida, aplica outra vez! ” Percebendo a diferença daquele caso com outros semelhantes, o médico exaltou o milagre divino: “Eu vos digo, irmãos, que hoje vi uma coisa admirável”. Acho que tinha recuperado a inocência primitiva esse homem que amansava, quando queria, o que por si não é manso. O bem-aventurado Francisco ia atravessando numa barca o lago de Rieti, a caminho do eremitério de Grécio. Um pescador ofereceu-lhe um passarinho aquático, para que se alegrasse no Senhor. O bem-aventurado pai recebeu-o com alegria, abriu as mãos e o convidou delicadamente a ir embora. O passarinho não quis ir, mas se aninhou em suas mãos. O santo levantou os olhos e se pôs a orar. Depois de um bom tempo, como se estivesse voltando a si de um outro mundo, ordenou com bondade à ave que voltasse sem medo para sua primitiva liberdade. Recebendo a licença com a sua bênção, o passarinho demonstrou sua alegria com um movimento do corpo e voou. Uma vez, São Francisco tinha se retirado para um eremitério, como era seu costume, para escapar da vista e da companhia dos homens. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.