Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre a cigarra.

Havia na Porciúncula, ao lado da cela do santo de Deus, uma figueira onde uma cigarra costumava cantar com suavidade. Uma vez, o bem-aventurado pai lhe estendeu a mão e a chamou bondosamente dizendo: “Cigarra, minha irmã, vem cá! ” Como se tivesse razão, ela foi logo para sua mão. E ele: “Canta, minha irmã cigarra, louva com júbilo o Senhor Criador! ” Ela obedeceu depressa, começou a cantar e não parou enquanto o homem de Deus, juntando seus louvores ao cântico, não a mandou de volta para o seu lugar. Lá ficou por oito dias, como se estivesse presa. Quando o santo descia de sua cela, tocava-a com as mãos e mandava que cantasse. Ela estava sempre pronta para obedecer-lhe. Disse o santo a seus companheiros: “Vamos despedir nossa irmã cigarra, que já nos alegrou bastante aqui com o seu louvor, para que nossa carne não se glorie com isso”. Com sua permissão, ela foi logo embora, e não apareceu mais. Os frades ficavam admiradíssimos, vendo tudo isso. Já que a força do amor tinha feito dele um irmão das outras criaturas, não nos admiraremos de que a caridade de Cristo tenha feito dele um irmão ainda maior daqueles que foram distinguidos pela semelhança com o Criador. Dizia que não havia coisa mais importante que a salvação das almas e o provava com frequência ainda maior lembrando que o Unigênito de Deus dignou-se ser crucificado pelas almas. Daí seu esforço na oração, sua pregação constante e seu excesso nos exemplos que dava. Achava que não seria amigo de Cristo se não amasse as almas que ele amou. Essa era a principal causa de sua veneração pelos doutores, que eram auxiliares de Cristo e exerciam com ele o mesmo ofício. Mas os frades, como familiares de uma fé especial, que estavam unidos pela participação na herança eterna, acima de tudo, ele os abraçava entranhadamente, com todos os afetos. Todas as vezes que o repreendiam pela aspereza da vida que levava, respondia que tinha sido dado à Ordem como exemplo, para provocar seus filhotes a voar como uma águia. Por isso, embora sua carne inocente já se submetesse espontaneamente ao espírito, sem precisar de nenhum castigo por causa de ofensas, ele a cumulava de sacrifícios para dar exemplo, mantendo-se no caminho duro só por causa dos outros. E com razão, porque costumamos olhar mais para as mãos do que para a língua dos prelados. Com a mão, pai, discursavas mais suavemente, persuadias com mais facilidade e provavas com certeza maior. Se falarem as línguas dos homens e dos anjos, mas não derem exemplo de caridade, para mim valem pouco, e para si mesmos não valem nada. Mas, onde o que repreende não é nem um pouco temido e o capricho substituiu a razão, será que os selos da autoridade vão ser suficientes para salvar? De qualquer jeito, devemos fazer o que mandam, para que a água chegue aos canteiros ainda que seja por canais ressecados. Colha-se, enquanto isso a rosa dos espinhos, para que o maior sirva ao menor. Quem é que já teve a solicitude de São Francisco pelos súditos? Levantava sempre as mãos ao céu pelos verdadeiros israelitas e, esquecendo-se às vezes de si mesmo, pensava primeiro na salvação dos irmãos. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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