Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Sobre uma capa que deu a uma velhinha em Celano.
O santo repreendeu-o na hora e, quando confessou sua culpa, disse-lhe: “Anda depressa e despe o teu hábito, ajoelha-te aos pés do pobre e confessa a tua culpa! Não peças apenas o perdão, roga também que reze por ti! ” O irmão obedeceu, fez o que tinha sido mandado e voltou. Disse-lhe o santo: “Quando vês um pobre, meu irmão, tens à frente um espelho do Senhor e de sua pobre Mãe. E da mesma maneira, nos doentes deves ver as enfermidades que ele assumiu por nossa causa! ” Francisco tinha sempre o “ramalhete de mirra” (cfr. Ct 1,12) em seu coração. Estava sempre olhando para o rosto do seu Cristo (cfr. Sl 83,10), sempre se agarrava ao homem das dores, que conhece as enfermidades (cfr. Is 53,3). Aconteceu uma vez, em Celano, no tempo do inverno, que São Francisco tinha como capa um pano dobrado que recebera por empréstimo de um homem de Tívoli, amigo dos frades. Como estava no palácio do bispo dos marsos, foi ao seu encontro uma velhinha pedindo esmolas. Desamarrou imediatamente o pano do pescoço e, embora não fosse seu, deu-o à pobrezinha, dizendo: “Vai fazer um vestido, que bem estás precisando”. A velhinha sorriu espantada, não sei de medo ou de alegria, e pegou o pano das mãos dele. Correu depressa, e, com medo de demorar muito e ter que devolver, cortou-o com a tesoura. Mas quando viu que o pano cortado não ia dar para o vestido, a experiência do primeiro favor fez com que voltasse ao santo para mostrar que a fazenda era pouca. O santo voltou os olhos para o companheiro, que levava nas costas o mesmo tanto de fazenda e lhe disse: “Estás ouvindo, irmão, o que diz essa pobrezinha? Vamos suportar o frio por amor de Deus. Dá o pano para a pobrezinha acabar o vestido”. Ele tinha dado, o companheiro também deu, e os dois ficaram despidos para que a velhinha se vestisse. Outra vez, voltando de Sena, encontrou um pobre e disse ao companheiro: “Temos que devolver a capa a este pobrezinho, irmão, porque é dele. Nós a recebemos por empréstimo, até encontrarmos alguém mais pobre do que nós”. O companheiro, vendo a necessidade em que se achava o piedoso pai, resistiu firmemente para que não ajudasse o outro à sua custa. Mas o santo retrucou: “Não quero ser ladrão. Ser-nos-ia imputado como roubo se não déssemos ao que precisa mais”. O outro desistiu, e ele deu a capa Coisa semelhante aconteceu em Celle di Cortona. O bem-aventurado usava uma capa nova, que os frades tinham conseguido para ele com muito esforço. Chegou um pobre ao lugar, chorando a morte da esposa e a família que tinha ficado pobrezinha. Disse o santo: – “Por amor de Deus, eu te dou esta capa, com a condição de não a dares a ninguém, a não ser que pague bem”. Correram logo os frades para tirar a capa e impedir essa doação. Mas o pobre ficou ousado pela expressão de apoio do santo Pai, agarrou-a e defendeu-a à unha como sua. No fim, os frades compraram a capa, e o pobre foi embora com o seu pagamento. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.