Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora Tomás de Celano. Sobre a providência das coisas futuras e como confiou a religião à Igreja Romana, e sobre uma visão.
Depois de terem tomado o alimento no temor do Senhor, para que nada faltasse ao dever da caridade, contou-lhes o pai uma longa parábola sobre a virtude da discrição. Mandou que o sacrifício oferecido a Deus fosse sempre temperado com sal (cfr. Lv 2,13) e aconselhou carinhosamente cada um a levar em conta as próprias forças quando pensa em prestar obséquio a Deus. Afirmou que tanto era pecado deixar de dar o que era devido ao corpo quanto dar-lhe o supérfluo por gula. E acrescentou: “Deveis saber, caríssimos, que agora comi por cortesia e não por gosto, porque assim mandava a caridade fraterna. Tomem como exemplo a caridade e não a comida, porque o comer serve à gula, e a caridade ao espírito”. Progredindo o santo Pai continuamente em merecimentos e em virtude, e tendo os seus filhos aumentado muito em número e em graça, pois estendiam até os confins do mundo seus ramos carregados de frutos maravilhosos, começou a pensar mais frequentemente no que teria que fazer para conservar e fazer crescer aquela plantação nova atada com o vínculo da união. Percebia que havia muitos que eram como lobos enraivecidos contra o seu pequeno rebanho. Inveterados nos dias maus, buscavam pretexto para prejudicá-los só porque eram uma novidade. Previa que mesmo entre seus próprios filhos poderiam suceder coisas contrárias à santa paz e unidade e temia que, como pode acontecer muitas vezes entre os escolhidos, pudessem aparecer alguns, inflados pelo sentido de sua carne, dispostos a contendas e inclinados aos escândalos. Como o homem de Deus estava frequentemente com essas preocupações e outras semelhantes, numa noite teve esta visão enquanto dormia: viu uma galinha, pequena e preta, parecida até com uma pomba caseira, que tinha penas nas pernas e até nos pés. Tinha inúmeros pintainhos que rodeavam a galinha insistentemente, sem poder juntar-se sob suas asas. Quando se levantou do sono e recordou tudo, o homem de Deus fez-se ele mesmo intérprete de sua visão: “A galinha sou eu, moreno e baixinho. Devo procurar ter a simplicidade da pomba pela inocência de vida, que é rara neste mundo e voa mais facilmente para o céu. Os pintainhos são os frades, que se multiplicaram em número e graça, a quem não basta a virtude de Francisco para defender da maldade dos homens e da oposição das más línguas”. “Por isso vou recomendá-los à santa Igreja Romana, cuja vara poderosa castigará os malvados, fazendo com que os filhos de Deus possam gozar em toda parte de plena liberdade para aumento da salvação eterna. Nisso reconhecerão os filhos os doces benefícios da mãe, e seguirão sempre os seus veneráveis passos com especial devoção. Sob a sua proteção, não haverá de ocorrer o mal na Ordem, nem passará impune o filho de Belial pela vinha do Senhor. Ela mesma, que é santa, há de gloriar-se de emular nossa pobreza, e não permitirá que os elogios da humildade sejam ofuscados pelas nuvens da soberba. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.