Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora o SEGUNDO LIVRO de Tomás de Celano. Do espírito de profecia que São Francisco teve.

 Ei diria que todas as suas coisas, tanto palavras quanto ações trescalam alguma coisa de divino e, se encontrarem um discípulo atento, diligente e humilde, dentro de pouco tempo, com seu ensino salutar, haverão de conduzi-lo à mais alta sabedoria. Por isso, depois de ter contado alguma coisa a seu respeito, embora em estilo simples e como que de passagem, acho que é bom acrescentar mais alguns pontos, escolhidos entre tantos, para recomendar o santo e animar nosso sonolento afeto. Elevado acima das coisas deste mundo, o bem-aventurado Pai tinha dominado de maneira muito especial tudo que havia no mundo, pois tinha os olhos sempre voltados para a luz do alto, e não só conhecia por revelação divina o que devia fazer, como também predizia muitas coisas com espírito profético, penetrava os segredos dos corações, estava informado de coisas ausentes, previa e anunciava o futuro. Os exemplos provam o que dizemos. Havia um frade que, a julgar pelas aparências, era insigne pelo comportamento de uma santidade exímia, embora muito singular. Estava sempre entregue à oração, observava um silêncio tão rigoroso que até se acostumara a confessar-se por gestos e não por palavras. Tinha grande entusiasmo pelas palavras da Sagrada Escritura e, quando as ouvia, sentia um admirável prazer. Todos achavam que era três vezes santo. Mas aconteceu que o santo Pai foi a esse lugar, viu o frade, ouviu o santo. Enquanto todos o louvavam e elogiavam, ele comentou: “Deixai disso, irmãos, não me venhais louvar seu diabólico fingimento. Saibais na verdade que isso é tentação do demônio e engano fraudulento. Tenho certeza, e o fato de não querer confessar-se é uma prova”. Os frades receberam isso com dureza, principalmente o vigário do santo. Perguntaram: “Mas como é possível haver engano em todos esses sinais de perfeição? ” Disse-lhes o pai: “Aconselhai-o a confessar-se uma ou duas vezes por semana. Se não obedecer, sabereis que é verdade o que eu disse”. O vigário chamou-o à parte e, depois de conversar familiarmente com ele, acabou mandando que se confessasse. Ele não quis saber. Pôs o dedo nos lábios, sacudiu a cabeça e deu a entender que não se confessaria de maneira alguma. Os frades emudeceram, com medo do escândalo do falso santo. Não muitos dias depois, ele saiu espontaneamente da religião, voltou para o mundo, retornou ao seu vômito. Afinal, dobrando seus crimes, foi privado tanto da penitência como da vida. Precisamos tomar sempre muito cuidado com a singularidade, que não é mais do que um precipício atraente. Temos a experiência de tantas pessoas singulares, que pareciam estar subindo aos céus e se precipitaram no abismo. Também devemos considerar o valor da confissão bem-feita, porque não só faz, mas também mostra quem é santo. Coisa parecida aconteceu com outro frade, chamado Tomás de Espoleto. Todos o tinham em boa conta e estavam certos de que era santo. O santo Pai achava que ele era perverso, e sua apostasia afinal o comprovou. Não aguentou muito tempo, porque a virtude baseada na simulação não dura muito. Saiu da Ordem e morreu fora dela: agora já sabe o que fez. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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