Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Como o bem-aventurado Francisco ensinou os irmãos a rezar, e da obediência e simplicidade dos frades.

 Agia sempre com santa simplicidade e não permitia que o aperto do lugar lhe prejudicasse a amplidão do coração. Por isso escreveu o nome dos irmãos nos caibros da cabana, para que cada um soubesse seu lugar quando quisesse orar ou repousar, e não se perturbasse o silêncio espiritual pela estreiteza do ambiente. Ainda moravam nesse lugar no dia em que apareceu um homem conduzindo um jumento, na porta da cabana em que o homem de Deus estava com os seus companheiros. Temendo ser rejeitado, instigava o animal a entrar, dizendo: “Entra, que vamos melhorar este lugar”. Ouvindo isso, São Francisco ficou muito chocado, pois entendeu a intenção do homem: pensava que os frades queriam morar naquele lugar para promovê-lo e construir casas. São Francisco saiu imediatamente dali, abandonando a cabana por causa da palavra do camponês. Transferiu-se para outro lugar, não muito afastado, chamado Porciúncula, onde, como dissemos, tinha reparado tempos atrás a igreja de Nossa Senhora. Não queria ter propriedade nenhuma, para poder possuir tudo no Senhor em maior plenitude. Rogaram-lhe os frades, nesse tempo, que os ensinasse a rezar, porque, vivendo na simplicidade do espírito, ainda não conheciam o ofício eclesiástico. Respondeu-lhes: “Quando orardes, dizei: ‘Pai nosso’ e ‘Nós vos adoramos, ó Cristo, em todas as vossas igrejas que estão pelo mundo inteiro, e vos bendizemos, porque por vossa santa Cruz remistes o mundo’”. Discípulos do piedoso mestre, os frades procuravam observar tudo com a maior diligência, porque tratavam de cumprir com exatidão não só o que o bem-aventurado Pai Francisco lhes dizia quando dava conselhos ou ordens, mas até o que ele estava pensando ou planejando, se conseguiam saber o que era. Dizia-lhes também o santo Pai que a verdadeira obediência devia ser até descoberta antes de manifestada e desejada antes de imposta. Isto é: “Se um irmão que é súdito não só ouvir a voz, mas até perceber a vontade de seu superior, deve tratar de obedecer imediatamente e de fazer o que, por algum indício, adivinhou que ele quer”. Em qualquer lugar onde houvesse uma igreja, mesmo que não estivessem presentes, contanto que a pudessem ver de longe, prostravam-se por terra na sua direção e, inclinados de corpo e alma, adoravam o Todo-Poderoso, dizendo: “Nós vos adoramos, ó Cristo, em todas as vossas igrejas”, como lhes ensinara o santo Pai. E, o que não é menos para se admirar, faziam o mesmo onde quer que vissem uma cruz ou seu sinal, no chão, numa parede, nas árvores ou nas cercas do caminho. A tal ponto tinham-se enchido de simplicidade, aprendido a inocência e conseguido a pureza de coração, que detestavam toda falsidade e, como tinham a mesma fé, tinham também o mesmo espírito, uma só vontade, um só amor. Eram sempre coerentes, procediam de acordo, cultivavam as virtudes, procuravam ter as mesmas opiniões e ser igualmente generosos no que faziam. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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