Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Do carro de fogo e do conhecimento que o bem-aventurado Francisco tinha das coisas ausentes.

 Eram sempre coerentes, procediam de acordo, cultivavam as virtudes, procuravam ter as mesmas opiniões e ser igualmente generosos no que faziam. Confessavam-se frequentemente com um padre diocesano, que tinha muito má fama e merecia o desprezo pela enormidade de seus pecados. Muita gente chamou a atenção deles para a maldade do padre, mas não quiseram acreditar de maneira nenhuma e nem por isso deixaram de confessar-se como de costume, nem lhe perderam o respeito. Uma vez, esse ou um outro sacerdote disse a um dos frades: “Irmão, não sejas hipócrita! ” O frade, por ser a palavra de um sacerdote, logo ficou pensando que era mesmo um hipócrita. Lamentava-se por isso dia e noite, muito penalizado. Perguntaram-lhe, então, os frades por que estava tão triste e donde lhe vinha esse abatimento incomum, e ele respondeu: “Um padre me disse que sou hipócrita, e isso me doeu tanto que nem consigo pensar noutra coisa”. Para o consolar, os irmãos disseram que não devia acreditar nisso. Mas ele respondeu: “Que estais dizendo? Foi um padre que me disse isso. Como um padre não pode mentir, precisamos acreditar no que ele disse”. Permaneceu muito tempo nessa simplicidade, acalmando-se afinal pela palavra do santo Pai, que lhe explicou melhor o que o padre tinha dito e desculpou sabiamente sua intenção. Dificilmente podia algum frade ficar tão perturbado que sua palavra ardente não lhe afastasse qualquer dúvida e não lhe devolvesse a serenidade. Porque caminhavam com simplicidade diante de Deus e com segurança diante dos homens, nessa ocasião mereceram os frades a alegria de uma revelação divina. Certa noite, inflamados pelo Espírito Santo, estavam cantando suplicantes o pai-nosso numa melodia religiosa (pois não rezavam só nas horas marcadas, mas em qualquer hora, uma vez que não tinham preocupações terrenas), quando numa noite o bem-aventurado pai se ausentou corporalmente deles. Lá pela meia-noite, quando alguns frades descansavam e outros rezavam em silêncio com devoção, entrou pela pequena porta um rutilante carro de fogo, deu duas ou três voltas para cá e para lá na casa, tendo sobre ele um globo enorme, que era parecido com o sol e iluminou a noite. Os que estavam acordados se espantaram e os que estavam dormindo se assustaram, pois sentiram uma claridade não só corporal, mas também interior. Reuniram-se e começaram a discutir entre si o que seria aquilo: por força e graça de toda aquela luz, cada um enxergava a consciência do outro. Compreenderam, afinal, e souberam que a alma do santo Pai brilhava com tamanho fulgor que, sobretudo por sua pureza e por seu zeloso cuidado pelos filhos, tinha conseguido de Deus a graça desse enorme benefício. Muitas outras vezes tinham comprovado, por sinais manifestos, que os segredos de seus corações não eram desconhecidos por seu santo Pai. Quantas vezes, sem que ninguém dissesse, mas por revelação do Espírito Santo, soube o que estavam fazendo frades ausentes. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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