Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Do carro de fogo e do conhecimento que o bem-aventurado Francisco tinha das coisas ausentes.
Muitas outras vezes tinham comprovado, por sinais manifestos, que os segredos de seus corações não eram desconhecidos por seu santo Pai. Quantas vezes, sem que ninguém dissesse, mas por revelação do Espírito Santo, soube o que estavam fazendo frades ausentes, manifestou segredos de seus corações e penetrou as consciências! A quantos aconselhou em sonhos, dizendo o que deviam fazer ou deixar de fazer! A quantos, que estavam manifestamente bem no presente, previu males no futuro! Da mesma maneira, previu para muitos o fim de seus pecados e lhes anunciou a graça da salvação. Houve até um que, distinguido por especial espírito de pureza e simplicidade, pôde ter a consolação de contemplá-lo de maneira especial, não dada aos outros. Vou contar um caso entre os muitos que soube por testemunhas de confiança. No tempo em que Frei João de Florença foi feito por São Francisco ministro dos frades da Provença e estava celebrando o capítulo dos frades daquela Província, o Senhor Deus lhe abriu a boca para falar com a piedade costumeira e fez todos os frades ouvirem com benévola atenção. Havia entre eles um irmão sacerdote, célebre pela fama e mais ainda pela vida. Chamava-se Monaldo e sua virtude, fundamentada na humildade e auxiliada pela oração frequente, era protegida pelo escudo da paciência. Estava participando do capítulo também Frei Antônio, a quem o Senhor abrira a inteligência para compreender as Escrituras, e que falava de Jesus a todo o povo com palavras mais doces que o mel. Enquanto Frei Antônio estava pregando com máximo fervor e devoção aos frades sobre as palavras: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”, o referido Frei Monaldo olhou para a porta da casa em que os frades também estavam reunidos e viu com seus próprios olhos o bem-aventurado Francisco elevado no ar, com as mãos abertas em cruz, abençoando os frades. Sentiam-se todos cheios de consolação do Espírito Santo e pela alegria da salvação que conceberam puderam crer o que ouviram sobre a visão e a presença do pai gloriosíssimo. Para confirmar que conhecia os segredos dos corações, vou escolher, entre muitos, um caso que está acima de qualquer dúvida. Um frade, chamado Ricério, nobre de nascimento e mais ainda por sua vida, que amava a Deus e fazia pouco de si mesmo, queria piedosa e ardentemente conseguir todo afeto do santo Pai Francisco e por isso tinha muito medo de que o santo deixasse de gostar dele por algum motivo oculto, privando-o assim do seu afeto. Muito timorato, julgava o frade que aquele a quem São Francisco muito amasse seria digno de merecer a graça de Deus. Pelo contrário, achava que mereceria o castigo do juiz eterno aquele que não merecesse sua benevolência e atenção. Estava sempre pensando nisso, e até falava consigo mesmo em silêncio, sem revelar a ninguém o seu segredo. Um dia, quando o santo Pai estava rezando em sua cela e o referido frade apareceu por ali, perturbado pelo pensamento de sempre, o santo de Deus teve conhecimento tanto de sua chegada como de sua preocupação. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.