Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Do carro de fogo e do conhecimento que o bem-aventurado Francisco tinha das coisas ausentes.
Um dia, quando o santo Pai estava rezando em sua cela e o referido frade apareceu por ali, perturbado pelo pensamento de sempre, o santo de Deus teve conhecimento tanto de sua chegada como de sua preocupação. Imediatamente mandou chamá-lo e lhe disse: “Filho, não te deixes perturbar por nenhuma tentação. Nenhum pensamento te angustie. Eu gosto muito de ti, e podes ficar sabendo que estás entre os que mais estimo e és digno de minha amizade. Podes vir aqui quando quiseres, e falar comigo com toda a confiança”. O frade ficou admiradíssimo e aumentou sua veneração: começou a crescer com confiança ainda maior na misericórdia de Deus na medida em que cresceu na amizade do santo Pai. Como deve ser duro suportar tua ausência, pai santo, por quem já desanimou de encontrar outro igual a ti nesta terra! Rogamos que ajudes com tua intercessão os que vês envolvidos nos laços do pecado. Estavas cheio do espírito de todos os justos, previas o futuro e conhecias o presente. Apesar disso, sempre te destacavas pela simplicidade, para fugir da vanglória. Mas, voltemos atrás, para retomar a ordem histórica. São Francisco voltou materialmente ao convívio dos seus frades, embora espiritualmente jamais se tivesse afastado, como dissemos. Interessava-se continuamente pelos seus, procurando saber com prudência e atenção o que todos estavam fazendo, e não deixava de repreendê-los por alguma coisa errada que descobrisse. Olhava primeiro os defeitos espirituais, depois os exteriores, e por último tratava de remover todas as ocasiões que costumam abrir as portas aos pecados. Com todo o cuidado e especial solicitude cuidava da santa senhora pobreza. Para impedir que se chegasse a ter coisas supérfluas, não permitia que tivessem em casa a menor vasilha, se fosse possível passar sem ela sem cair na extrema necessidade. Dizia que era impossível satisfazer a necessidade sem condescender com o prazer. Nunca ou raramente admitiu pratos cozidos. Se os aceitava, muitas vezes misturava-lhes cinza ou lhes tirava o sabor do tempero com água fria. Quantas vezes, andando pelo mundo a pregar o Evangelho de Deus, foi convidado para almoçar com grandes príncipes que tinham toda admiração e veneração por ele, e mal provava os pratos de carne para observar o santo Evangelho: ia guardando o resto dentro da roupa, embora parecesse estar comendo. Punha a mão na frente da boca, para que ninguém percebesse o que estava fazendo. Quanto a tomar vinho, que poderei dizer, se até quando estava morto de sede não admitia beber a água que bastasse? Onde quer que se hospedasse, não permitia que sua cama tivesse colchão e cobertas: era o chão nu que recebia seu corpo despido, em cima da túnica. Nas poucas vezes que permitia a seu frágil corpo o favor do sono, era quase sempre sentado e sem se encostar, usando no lugar do travesseiro algum tronco ou pedra. Quando, como é natural, tinha desejo de comer, só a custo se permitia satisfazê-lo. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.