Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Da pregação aos pássaros e da obediência das criaturas.
Mas o bom Deus lembrou-se em sua misericórdia de mim e de muitos outros, e se opôs frontalmente a ele quando já tinha chegado à Espanha, impedindo-o de continuar o caminho por uma doença que o fez voltar atrás. Não fazia muito tempo que tinha voltado a Santa Maria da Porciúncula, quando alguns homens de letras e alguns nobres juntaram-se a ele com grande satisfação. A estes, sempre educado e discreto, tratou com respeito e dignidade, servindo piedosamente a cada um conforme lhe cabia. Dotado de especial discrição, sabia respeitar, em todos, os graus do seu valor. Mas ainda não podia ficar sossegado, deixando de seguir com fervor o seu sagrado impulso. No décimo terceiro ano de sua conversão, foi para a Síria e, embora recrudescessem cada dia terríveis e duros combates entre cristãos e pagãos, não teve medo de se apresentar ao sultão dos sarracenos, levando um companheiro. Quem vai poder contar a coragem com que se manteve diante dele, a fortaleza com que falou, a eloquência e a confiança com que respondeu aos que insultavam a lei cristã? Preso pelos guardas antes de chegar ao sultão, não se assustou nem quando foi ofendido e açoitado, não recuou diante de suplícios e não ficou com medo nem da ameaça de morte. Foi maltratado por muitos que eram hostis e adversos, mas o sultão o recebeu muito bem. Reverenciou-o quanto lhe foi possível e lhe ofereceu muitos presentes, tentando convertê-lo para o espírito mundano. Mas, quando viu que ele desprezava valentemente todas as coisas como se não passassem de esterco, ficou admiradíssimo e olhava para ele como um homem diferente. Ficou muito comovido com suas palavras e o ouviu de muito boa vontade. Apesar de tudo isso, o Senhor não satisfez o seu desejo, pois lhe estava reservando o privilégio de uma graça especial. Enquanto, como dissemos, eram muitos os que se juntavam aos irmãos, o santo Pai Francisco percorria o vale de Espoleto. Chegando perto de Bevagna, encontrou uma multidão enorme de pássaros de todas as espécies, como pombas, gralhas e outras que vulgarmente chamam de corvos. Quando os viu, o servo de Deus Francisco, que era homem de grande fervor e tinha um afeto muito grande mesmo pelas criaturas inferiores e irracionais, correu alegremente para eles, deixando os companheiros no caminho. Aproximou-se e vendo que o esperavam sem medo, cumprimentou-os como era seu costume. Mas ficou muito admirado porque as aves não fugiram como fazem sempre e, cheio de alegria, pediu humildemente que ouvissem a palavra de Deus. Entre muitas outras coisas, disse-lhes o seguinte: Passarinhos, meus irmãos, vocês devem sempre louvar o seu Criador e amá-lo, porque lhes deu penas para vestir, asas para voar e tudo de que vocês precisam. Deus lhes deu um bom lugar entre as suas criaturas e lhes permitiu morar na limpidez do ar, pois embora vocês não semeiem nem colham, não precisam se preocupar porque Ele protege e guarda vocês”. Quando os passarinhos ouviram isso, conforme ele mesmo e seus companheiros contaram depois, fizeram uma festa à sua maneira. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.