Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Da clareza e firmeza do pensamento de São Francisco, de sua pregação diante do senhor Papa Honório.
Por isso, seu esforço maior era manter-se livre de todas as coisas que estão no mundo, para que seu pensamento não tivesse a serenidade perturbada por uma hora sequer de contágio com essa poeira. Tornou-se insensível a todo ruído exterior e se empenhou com todas as forças a dominar os sentidos e coibir as paixões, entregando-se unicamente a Deus. Tinha “sua morada nas fendas das rochas e nas cavidades dos penhascos”. Com verdadeira devoção, recolhia-se em casas abandonadas e, todo esvaziado de si mesmo, residia por mais tempo nas chagas do Salvador. Procurava frequentemente os lugares desertos para poder dirigir-se de toda alma a Deus, mas quando o tempo lhe parecia oportuno não tinha preguiça de se pôr em atividade e de cuidar com boa vontade da salvação do próximo. Seu porto seguro era a oração, que não era curta, nem vazia ou presunçosa, mas demorada, cheia de devoção e tranquila na humildade. Se começava à tarde, mal a podia acabar pela manhã. Andando, sentado, comendo ou bebendo, estava entregue à oração. Gostava de passar a noite rezando sozinho em igrejas abandonadas e construídas em lugares desertos, onde, com a proteção da graça de Deus, venceu muitos temores e muitas angústias. Lutava corpo a corpo com o demônio, porque nesses lugares não só o tentava interiormente, mas também procurava desanimá-lo com abalos e estardalhaços exteriores. Mas o valente soldado de Cristo sabia que o seu Senhor tinha todo o poder, e não cedia aos amedrontadores, dizendo em seu coração: “Malvado, as armas da tua malícia não me podem ferir mais aqui do que se estivéssemos em público, na frente de todo mundo”. Na verdade, ele era muito constante e em tudo só queria fazer o que era de Deus. Pregando frequentemente a palavra de Deus a milhares de pessoas, tinha tanta segurança como se estivesse conversando com um companheiro. Olhava a maior das multidões como se fosse uma só pessoa e falava a cada pessoa com todo o fervor como se fosse uma multidão. A segurança que tinha para falar era resultado de sua pureza de coração, pois, mesmo sem se preparar, falava coisas admiráveis, que ninguém jamais tinha ouvido. Se, diante do povo reunido, não se lembrava do que tinha preparado e não sabia falar de outra coisa, confessava candidamente que tinha preparado muitas coisas e não estava conseguindo lembrar nada. De repente, enchia-se de tanta eloquência que deixava admirados os ouvintes. Mas houve ocasiões em que não conseguiu dizer nada, deu a bênção e, só com isso, despediu o povo com a melhor das pregações. Uma vez teve que ir a Roma por causa da Ordem e sentiu muita vontade de falar diante do Papa Honório e dos veneráveis cardeais. Sabendo disso, Dom Hugolino, o glorioso bispo de Óstia, que tinha uma especial amizade pelo santo de Deus, ficou cheio de temor e de alegria, porque admirava o fervor do santo, mas também sabia como era simples. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.