Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Da caridade e compaixão para com os pobres e o que fez por uma ovelha e uns cordeirinhos.
Como era solícito em ajudar as necessidades dos pobres e se interessava pessoalmente por seus problemas, quis saber atenciosamente os motivos da visita do santo e escutou com muita bondade os seus projetos. Ao vê-lo desprendido como ninguém dos bens terrenos e tão abrasado no fogo que Jesus trouxe ao mundo, seu coração se juntou desde esse momento ao coração dele, pediu-lhe orações com devoção e lhe ofereceu com prazer sua proteção. Aconselhou-o por isso a desistir da viagem encetada para cuidar de guardar aqueles que o Senhor lhe confiara, com vigilante solicitude. Quando viu toda essa generosidade, bondade e decisão em tão ilustre personagem, São Francisco teve uma alegria enorme, lançou-se a seus pés e lhe confiou devotamente sua própria pessoa e os seus frades. Pai dos pobres, o pobre Francisco queria viver em tudo como um pobre; sofria ao encontrar quem fosse mais pobre do que ele, não por vanglória, mas por íntima compaixão. Não tinha mais do que uma túnica pobre e áspera, mas muitas vezes quis dividi-la com algum necessitado. Movido de enorme piedade, no tempo de muito frio, esse pobre riquíssimo pedia aos ricos deste mundo que lhe emprestassem mantos ou peles para poder ajudar os pobres em todas as partes. E como eles o atendiam com devoção e com maior boa vontade do que a do santo Pai ao lhes pedir, ele dizia: “Eu recebo isto com a condição de vocês não ficarem esperando devolução”. E logo que encontrava um pobre ia todo alegre cobri-lo com o que tivesse recebido. Doía-lhe muito ver algum pobre sendo ofendido, ou ouvir alguém dizendo palavras de maldição para qualquer outra criatura. Aconteceu que um irmão disse uma palavra má a um pobre que pedia esmolas, pois lhe falou: “Veja lá que você não seja um rico que está se fingindo de pobre”. Ouvindo isso, o pai dos pobres, São Francisco, teve uma dor muito grande e repreendeu o frade com dureza. Mandou que se despisse diante do pobre, beijasse os pés dele e lhe pedisse desculpas. Costumava dizer: “Quem amaldiçoa um pobre injuria o próprio Cristo, de quem é sinal, pois ele se fez pobre por nós neste mundo”. Por isso era frequente que, ao ver algum pobre carregando lenha ou outra carga, ajudasse com seus próprios ombros, tão fracos. Tinha tanta caridade que seu coração se comovia não só com as pessoas que passavam necessidade, mas também com os animais sem fala nem razão, os répteis, os pássaros e as outras criaturas sensíveis e insensíveis. Mas, entre todos os animais, tinha uma predileção pelos cordeirinhos, porque a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo foi comparada mais vezes na Bíblia à do cordeiro, e com mais acerto. Gostava de ver e de tratar com carinho todas as criaturas, principalmente aquelas em que podia descobrir alguma semelhança alegórica com o Filho de Deus. …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.