Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Do amor que, pelo Criador, dedicava a todas as criaturas, e da descrição de sua personalidade e de seu aspecto exterior.
Na certa, ó bom Jesus, ele que na terra cantava o vosso amor a todas as criaturas, estará agora a louvar-vos nos céus com os anjos porque sois admiráveis. É impossível compreender quanto se comovia quando pronunciava vosso nome, Senhor santo! Parecia um outro homem, um homem de outro mundo, todo cheio de júbilo e do mais puro prazer. Por isso, onde quer que encontrasse algum escrito, de coisas divinas ou humanas, na rua, em casa ou no chão, recolhia-o com todo o respeito e o colocava em algum lugar sagrado ou decente, pensando que poderia referir-se ao Senhor ou conter seu santo nome. Um dia, um frade lhe perguntou por que recolhia com igual apreço os escritos dos pagãos, onde não estava o nome do Senhor, e ele respondeu: “Meu filho, contêm as letras com que se escreve o gloriosíssimo nome do Senhor. O que há de bom neles não pertence aos pagãos nem a ninguém em particular, mas somente a Deus, ‘de quem são todos os bens’”. Outra coisa admirável é que, quando mandava escrever alguma carta de cumprimentos ou conselhos, não permitia que se apagasse alguma letra ou sílaba, mesmo que fosse supérflua ou errada. Como era bonito, atraente e de aspecto glorioso na inocência de sua vida, na simplicidade das palavras, na pureza do coração, no amor de Deus, na caridade fraterna, na obediência ardorosa, no trato afetuoso, no aspecto angelical! Tinha maneiras finas, era sereno por natureza e de trato amável, muito oportuno quando dava conselhos, sempre fiel em suas obrigações, prudente no julgar, eficaz no agir e em tudo cheio de elegância. Sereno na inteligência, delicado, sóbrio, contemplativo, constante na oração e fervoroso em todas as coisas. Firme nas resoluções, equilibrado, perseverante e sempre o mesmo. Rápido para perdoar e demorado para se irar, tinha a inteligência pronta, uma memória luminosa, era sutil ao falar, sério em suas opções e sempre simples. Era rigoroso consigo mesmo, paciente com os outros, discreto com todos. Muito eloquente, tinha o rosto alegre e o aspecto bondoso, era diligente e incapaz de ser arrogante. Era de estatura um pouco abaixo da média, cabeça proporcionada e redonda, rosto um tanto longo e fino, testa plana e curta, olhos nem grandes nem pequenos, negros e límpidos, cabelos castanhos, pestanas retas, nariz proporcional, delgado e reto, orelhas levantadas mas pequenas, têmporas achatadas, língua pacificadora, ardente e penetrante, voz forte, doce, clara e sonora, dentes unidos, alinhados e brancos, lábios pequenos e delgados, barba preta e um tanto rala, pescoço esguio, ombros retos, braços curtos, mãos delicadas, dedos longos, unhas compridas, pernas delgadas, pés pequenos, pele fina, enxuto de carnes. Vestia-se rudemente, dormia pouco e era muito generoso. E como era muito humilde, mostrava toda a mansidão para com todas as pessoas, adaptando-se a todos com facilidade. Embora fosse o mais santo de todos, sabia estar entre os pecadores como se fosse um deles. Pai santíssimo que amas os pecadores, ajuda-os! …
Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.