Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Do maior desejo de São Francisco e de como compreendeu a vontade de Deus a seu respeito ao abrir o livro.

 Os que pretendem coisas mais humildes e simples, com medo das dificuldades e da montanha, também podem encontrar nele conselhos adaptados ao seu nível. Mesmo os que desejam apenas sinais e milagres podem buscar sua santidade e alcançarão o que desejam. Sua vida gloriosa faz brilhar a santidade dos santos antigos com uma luz mais clara. Prova cabal é seu amor à paixão de Jesus Cristo e a sua cruz. De fato, nosso pai venerável foi marcado nas cinco partes do corpo pelo sinal da paixão e da cruz, como se tivesse sido pregado na cruz com o Filho de Deus. Este sacramento é grande e indica a grandeza de seu particular amor. Mas acreditamos que exista nesse fato um plano oculto, um mistério escondido, que só Deus conhece e que o próprio santo só revelou a uma pessoa, e em parte. Por isso, não adianta insistir muito em elogios, porque seu louvor vem daquele que é o louvor de todas as coisas, fonte de toda glória e que concede os prêmios da luz. Bendigamos a Deus que é santo, verdadeiro e glorioso, e continuemos a história. Certa ocasião, o bem-aventurado e venerável pai São Francisco afastou-se das multidões que todos os dias acorriam cheias de devoção para vê-lo e ouvi-lo e procurou um lugar calmo, secreto e solitário para poder se entregar a Deus e limpar o pó que pudesse ter adquirido no contato com as pessoas. Costumava dividir o tempo que tinha recebido para merecer a graça de Deus e, conforme a oportunidade, consagrar uma parte ao auxílio do próximo e outra à contemplação no retiro. Por isso levou consigo muitos poucos companheiros, os que melhor conheciam sua vida santa, para que o protegessem da invasão e da perturbação das pessoas, e para que preservassem com amor o seu recolhimento. Passado algum tempo nesse lugar e tendo conseguido, por uma oração contínua e uma contemplação frequente, uma inefável familiaridade com Deus, teve vontade de saber o que o Rei eterno mais queria ou podia querer dele. Buscava com afã e desejava com devoção saber de que modo, por que caminho e com que desejos poderia aderir com maior perfeição ao Senhor Deus segundo a inspiração e o beneplácito de sua vontade. Essa foi sempre a sua mais alta filosofia, seu maior desejo, em que ardeu enquanto durou sua vida: gostava de perguntar aos simples e aos sábios, aos perfeitos e aos imperfeitos como poderia chegar ao caminho da verdade e atingir metas cada vez mais elevadas. Embora fosse perfeitíssimo entre os mais perfeitos, não o reconhecia e se julgava absolutamente imperfeito. Já tinha provado e visto como é doce, suave e bom o Deus de Israel para os que são retos de coração e o procuram na verdadeira simplicidade. Doçura e suavidade, que a tão poucos são dadas, mas que a ele tinham sido infundidas do alto, arrancavam-no de si mesmo e lhe davam tanto prazer que desejava de qualquer maneira passar de uma vez para o lugar onde uma parte dele já estava vivendo. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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