Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. Do comportamento dos irmãos que cuidavam de São Francisco e de como ele desejava viver.

 De fato, a virtude verdadeira não conhece fim, pois sabe que sua recompensa é eterna. Ardia, por isso, em um desejo enorme de voltar à humildade do começo, e seu amor era tão grande e alegremente esperançoso, que queria reduzir seu corpo à primitiva servidão, embora já estivesse no limite de suas forças. Afastava de si os obstáculos de todas as preocupações e freava de uma vez a agitação de todas as solicitudes. Precisando moderar seu rigor antigo por causa da doença, dizia: “Vamos começar a servir a Deus, meus irmãos, porque até agora fizemos pouco ou nada”. Não pensava que já tivesse conseguido dominar-se, mas, firme e incansável na busca da renovação espiritual, estava sempre pensando em começar. Queria voltar a servir os leprosos e ser desprezado como nos outros tempos. Queria fugir ao convívio das pessoas e ir para os lugares mais afastados, para se livrar de todos os cuidados e preocupações com as outras coisas, e ficar separado de Deus apenas pela parede provisória do corpo. Percebendo que muitos queriam alcançar cargos e honrarias e detestando sua temeridade, tentou afastá-los dessa peste por seu próprio exemplo. Dizia que seria coisa aceitável e boa diante de Deus assumir o governo dos outros, mas só deveriam assumir o cuidado das almas os que em tal ofício não buscavam seus interesses, mas acima de tudo atendiam à vontade de Deus. Que não deveriam antepor coisa nenhuma à sua própria salvação nem esperar de seus súditos aplausos, mas aproveitamento, nem deviam querer os favores dos homens, mas a glória de Deus. Não deveriam ambicionar cargos, mas temê-los. O que possuíam não devia orgulhá-los, mas humilhá-los, e o que lhes fosse tirado não os devia abater mas exaltar. Dizia que mandar era coisa muito perigosa, especialmente neste tempo em que a maldade transbordou e a iniquidade superabundou, mas que obedecer era sempre melhor. Sofria porque alguns tinham abandonado os primeiros trabalhos e se haviam esquecido da simplicidade antiga para seguirem novos rumos. Queixava-se dos que no começo tinham procurado com ardor as coisas do alto, mas tinham acabado por cair em ambições vulgares e terrenas e, deixando as verdadeiras alegrias, corriam atrás de frivolidades e ambições, no campo das pretensas liberdades. Suplicava a clemência de Deus pela libertação de seus filhos e pedia com ardor que os conservasse na graça que tinham recebido. Seis meses antes de sua morte, estando em Sena para cuidar da doença dos olhos, começou a ficar gravemente enfermo em todo o resto do corpo. Seu estômago se desfez pelos problemas contínuos e por males do fígado, e vomitou muito sangue, parecendo estar quase à morte. Ao ser informado, Frei Elias veio de longe, o mais depressa possível, para junto dele. Quando chegou, o santo Pai melhorou tanto, que pôde sair daquela terra e ir com ele para Celle, perto de Cortona. …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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