Franciscologia

Paz e Bem, meu amigo e irmão, vamos continuar falando sobre São Francisco de Assis. Agora a Primeira Biografia de Tomás de Celano. O que fez e disse quando faleceu felizmente.

 Espantavam-se os médicos e admiravam-se os frades de que seu espírito pudesse viver em um corpo já tão morto, pois a carne já se havia consumido e estava reduzido a pele e ossos. Vendo aproximar-se o último dia, que inclusive já lhe fora revelado divinamente dois anos antes, chamou os frades que quis, abençoou a cada um conforme lhe foi inspirado pelo céu, como outrora o patriarca Jacó com seus filhos, e mesmo como um outro Moisés antes de subir ao monte que Deus lhe havia indicado, cumulou de bênçãos os filhos de Israel. Frei Elias estava à sua esquerda e os outros filhos sentados ao redor. O santo cruzou os braços e pôs a mão direita sobre a cabeça dele. Privado como estava da luz e do uso dos olhos do corpo, perguntou: – “Sobre quem coloquei minha mão direita? ” “Sobre Frei Elias”, responderam. “É isso que eu quero”, disse. “Eu te abençoo, meu filho, em tudo e por tudo, e como o Senhor em tuas mãos aumentou os meus irmãos e filhos, assim sobre ti e em ti a todos eu abençoo. No céu e na terra te abençoe Deus, Rei do Universo. Abençoo-te como eu posso, mais do que eu posso, e, o que eu não posso, que possa em teu benefício aquele que pode tudo. Lembre-se Deus de tua ação e dos teus trabalhos, e reserve o teu lugar na retribuição dos justos. Que tenhas toda bênção que desejas e alcances tudo que pedires com justiça”. “Adeus, meus filhos, vivei sempre no temor do Senhor, porque as maiores provações vos ameaçam e a tribulação está às portas. Felizes os que perseverarem no que empreenderam, porque os escândalos que estão para vir vão afastar alguns do seu meio. Eu me apresso a ir para a casa do Senhor, para o meu Deus vou com confiança, porque o servi com devoção”. Como estivesse hospedado no palácio do bispo de Assis, pediu aos frades que o levassem o mais depressa possível para Santa Maria da Porciúncula. Queria entregar sua alma a Deus naquele lugar em que, como dissemos, começou a entender com perfeição o caminho da verdade. Já tinham passado vinte anos desde sua conversão e, como lhe fora comunicado por divina revelação, estava próxima sua última hora. De fato, quando o bem-aventurado Francisco e Frei Elias moravam juntos em Foligno, certa noite apareceu em sonho a Frei Elias um sacerdote vestido de branco, de idade muito avançada e aspecto venerável, e disse: “Levanta-te, irmão, e diz a Frei Francisco que já se passaram dezoito anos desde que renunciou ao mundo e aderiu a Cristo. Permanecerá só mais dois anos nesta vida e depois, chamado pelo Senhor, seguirá o caminho de toda carne mortal”. Era o que estava acontecendo, para que a seu tempo fosse realizada a palavra de Deus, anunciada com tal antecedência. Tendo descansado uns poucos dias no lugar que tanto amava, e sabendo que tinha chegado a hora de morrer, chamou dois frades, filhos seus prediletos, e lhes mandou que cantassem em voz alta os Louvores do Senhor, na alegria do espírito pela morte, ou antes pela Vida, já tão próxima. Ele mesmo entoou como pôde o Salmo de Davi: “Em alta voz clamo ao Senhor, em alta voz suplico ao Senhor” (Sl 141,2-8). …

Para louvor de Nosso Senhor Jesus Cristo Amém. (Continua na próxima edição – Programa Francisco Instrumento da Paz). Paz e Bem.

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