Indicação Geográfica (IG) e participação em importantes feiras de alimentos tornaram a fruta conhecida e aumentaram valor agregado para produtores

Doces e suculentos, grandes para fondue, pequenos para as crianças. Toda a produção é aproveitada, inclusive para a fabricação de subprodutos da fruta, como geleias e polpas. Com o selo de Indicação Geográfica (IG), os morangos cultivados em Japira, Pinhalão, Tomazina e Jaboti – esta última reconhecida como a capital do morango do Paraná – conquistaram visibilidade nacional e têm atraído compradores de diversas partes do País.
Os pedidos chegam de cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná.

A procura, no entanto, é maior que a oferta. Os produtores da Associação Norte Velho (ANV), que possuem a certificação de qualidade, têm uma capacidade de produção de aproximadamente 450 toneladas da fruta por ano. Boa parte fica no norte pioneiro e, em breve, deve chegar a cidades das regiões de Londrina e Maringá.
Redes de supermercados, padarias, confeitarias e sorveterias são os principais clientes. Entre os compradores está Ana Carla Bartolini Molini Ferrari, diretora do Grupo Mollini’s, que possui uma rede de supermercados no norte pioneiro do Paraná. É possível encontrar o morango com IG em cinco das nove lojas da rede, localizadas em Cornélio Procópio, Santo Antônio da Platina e Bandeirantes.

“O morango é excelente, de primeira qualidade, e chega fresco. Vendemos com segurança, pois sabemos da credibilidade, e temos contato direto com os produtores. Além disso, ajudamos a dar visibilidade aos produtos regionais e fazemos com que a renda circule na região”, afirma Ana Carla.
O fruticultor e vice-presidente da ANV, Fabiano de Souza Lima, explica que a região trabalha com o cultivo tradicional, direto na terra, e em estufas, modelo que permite a colheita durante o ano todo e que rende morangos com maior durabilidade no mercado. O pico da produção ocorre de julho a setembro. Ele explica que a cultura tem diversas variedades, algumas são mais doces, outras dão frutos maiores e outras menores. “Temos a linha fondue, com morangos maiores; a tradicional, nas cumbucas com plástico ou com tampa; e temos a linha kids, que criamos com o apoio do Sebrae e que agregou muito pra gente, pois esses produtos iam para sucos e geleias, não tinham muito valor de mercado”, conta Lima.


Segundo o produtor, a participação em feiras nacionais, como a Naturaltech, ajudou a dar visibilidade para o morango do norte pioneiro do Paraná, que acaba de fechar parceria com outra rede de supermercados e passará a oferecer o morango nas lojas Condor nas regiões de Londrina e Maringá. Em 2023, a associação fechou cada caixa com um quilo de morango por R$ 21,90, enquanto na venda para atravessadores o preço não passou de R$ 14, uma valorização de mais de 50%. Além de expandir a rede de clientes, Lima conta que investimentos estão sendo feitos na sede da ANV para a industrialização dos subprodutos do morango. O barracão atual conta com despolpadeira, câmara fria, caminhão refrigerado e uma camionete nova, graças ao apoio de recursos municipais e estaduais.
“A Prefeitura de Jaboti nos disponibilizou outro espaço, que estamos adequando para atender às normas de produção industrial. A expectativa é de que a nova sede fique pronta até dezembro”, antecipa.

O consultor do Sebrae/PR, Odemir Capello, destaca que o morango foi o terceiro produto do norte pioneiro a conquistar uma Indicação Geográfica, depois dos cafés especiais e da goiaba. Segundo ele, a união dos produtores por meio do associativismo e a dedicação deles na produção de alimentos diferenciados são fundamentais para garantir o acesso a novos mercados e aumento da renda.

“O trabalho que temos feito na região tem como tripé o associativismo, a inovação e o mercado, com o objetivo de promover o desenvolvimento do norte pioneiro por meio dos produtos diferenciados e das pessoas. É preciso destacar o envolvimento dos produtores, que se propuseram a buscar novos conhecimentos, adequar suas propriedades, para entregar um morango com maior valor de mercado”, explica.
A produtora Lucélia Aparecida da Costa, de Jaboti, confirma que a IG do morango tornou a cidade mais conhecida e atraiu novos compradores. Ela conta que, graças à certificação e às classificações da fruta – que incluem morangos premium, para fondue, por exemplo –, os fruticultores têm alcançado maior valor agregado aos preços.

“Para chegar até aqui, passamos por treinamentos e cursos. O Sebrae investiu na gente, e nós acreditamos. Nossa cidade ficou conhecida, as feiras que participamos nos abriram portas para novos compradores. Antes, não tínhamos essas oportunidades”, comenta. (Assessoria)

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