A integração entre os meios rural e urbano foi o eixo central dos três projetos premiados na categoria Experiência Pedagógica da 29ª edição do Concurso Agrinho, realizado na segunda-feira (4) no Expotrade Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Os projetos desenvolvidos exploraram o tema ‘Agrinho: do campo à cidade, colhendo oportunidades’ e cada professor foi contemplado com um automóvel zero quilômetro.
Essa categoria reconhece o trabalho desempenhado pelos docentes na formação de cidadãos mais conscientes e engajados, inspirando os alunos a adotarem atitudes sustentáveis. Além disso, ao valorizar as iniciativas pedagógicas, o programa estimula a inovação e a criatividade entre os educadores, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade do ensino e para a criação de um ambiente escolar mais dinâmico e participativo.
Dar a devida importância a integração entre os setores da economia nos meios rural e urbano, com foco na cadeia produtiva do milho, foi o que garantiu a segunda colocação na categoria para a professora Juliete Gomes da Silva Póss, da Escola Municipal Caetano Vezozzo, em Cambará. Além da questão do agregar, o trabalho promoveu reflexões sobre a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.
Filha de pais analfabetos e que eram trabalhadores rurais, Juliete apostou na educação e hoje é doutoranda em Ensino, na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Ela já tinha participado do Agrinho nas categorias Desenho e Redação, mas foi seu primeiro trabalho inscrito na categoria Experiência Pedagógica. Seu marido e o filho, de dois anos, estavam presentes e se emocionaram com a conquista.
“A partir da curiosidade de um aluno, nós decidimos mergulhar na rota do milho, para conhecer desde o plantio até chegar ao mercado. Nesse caminho, abordamos várias questões”, explicou Juliete. “[A conquista] é a realização de um sonho. Dedico esse prêmio às famílias, aos meus alunos e àqueles que vivem pela educação”, destacou.
O projeto que conquistou o primeiro lugar, desenvolvido pela professora Ana Paula Lazzeris Ghellere, da Escola Municipal Serafin Machado de Souza, em São Miguel do Iguaçu, abordou o conceito de empreendedorismo, destacando as relações entre o campo e a cidade, além das oportunidades de atuação em ambos os contextos. Esse é o segundo prêmio de Ana Paula, que já foi contemplada com um carro na mesma categoria em 2017, quando começou a trabalhar com o Agrinho.
“Ser premiada é uma sensação indescritível, pois mostra a valorização do professor. O Agrinho faz a gente acreditar na educação e que somos capazes de transformar. Esse prêmio é resultado de muito trabalho, dedicação e envolvimento de toda a comunidade, de muitos empreendedores do meu município que apoiaram essa ideia. Meus alunos aprenderam sobre sustentabilidade, preservação ambiental e sobre a importância de valorizar todas as profissões, seja no campo ou na cidade. Estou muito feliz”, afirmou.
Em terceiro lugar, a professora Idana Cristina Menon, do Colégio Estadual do Campo Nossa Senhora de Fátima, no distrito de Guamirim, localizado em Irati, trabalhou a valorização do aluno do campo, ressaltando a importância dos trabalhadores rurais e exaltando a qualidade da produção local de alimentos.
“Eu já trabalhei em uma escola urbana, mas há 15 anos passei a atuar em uma instituição de ensino no campo. Na cidade, eu vivia ganhando chocolate e bala dos meus alunos, já no interior passei a receber como presente repolho, batata e outros alimentos não industrializados. O projeto nasceu dessa percepção, de que é preciso criar uma noção de que campo e cidade coexistem. Assim, promovemos um intercâmbio entre esses dois mundos com uma série de atividades. Ainda não estou acreditando que estou entre as vencedoras. Ganhar esse prêmio, para mim, foi o auge da valorização que já recebi como professora”, celebrou.
RESUMO DE CADA PROJETO – O 1º lugar é de Ana Paula Lazzeris Ghellere, da
Escola Municipal Serafin Machado de Souza, em São Miguel do Iguaçu. O projeto foi ‘Escolhemos o hoje, para mudar o nosso amanhã. Empreendendo do campo à cidade’.
Unindo o conhecimento do campo às inovações da cidade, a ideia central do projeto foi mostrar aos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental I que empreendedores, tanto rurais quanto urbanos, são pessoas que buscam soluções criativas para os desafios do cotidiano e devem estar comprometidos com um futuro sustentável. A experiência reforçou virtudes como respeito, valorização do trabalho e do meio ambiente, destacando o impacto positivo de pequenas atitudes. As atividades incluíram jogos educativos, pesquisas, músicas, livros, palestras, entrevistas, estudos de campo, confecção de brinquedos com materiais recicláveis e apresentações à comunidade escolar.
Em 2º lugar ficou Juliete Gomes da Silva Póss, da Escola Municipal Caetano Vezozzo, em Cambará. O seu projeto: ‘A rota do milho do campo à cidade: Cultivando conexões, colhendo oportunidades’. Realizado junto a alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I, o projeto teve por objetivo integrar conhecimentos teóricos e práticos sobre a cadeia produtiva do milho, de forma interdisciplinar. A iniciativa surgiu a partir da curiosidade manifestada pelos estudantes em sala de aula. O projeto contemplou uma série de ações educativas, que envolveram visitas a plantações, agroindústrias, uma cooperativa e supermercados. Essas ações permitiram aos estudantes compreenderem as etapas da cadeia produtiva do milho, do cultivo e processamento à comercialização. Além disso, a iniciativa incluiu palestras e a criação de um site educativo, que compartilhou o conteúdo aprendido.
E em 3º lugar, Idana Cristina Menon do Colégio Estadual do Campo Nossa Senhora de Fátima, da cidade de Irati, com projeto: ‘Exuberâncias do campo, sabores do nosso chão’. A experiência foi desenvolvida com alunos do 7º ano, de uma escola do campo, no distrito de Guamirim, no Sudeste do Paraná. O mote do trabalho envolveu a relação entre o campo e a cidade, envolvendo, em especial, a alimentação saudável. A partir de diálogo, interação, pesquisa, palestra com profissional da área e toda a socialização em sala de aula, cada aluno destacou um produto cultivado em sua casa, bem como um prato produzido por sua família utilizando tal produto. Criou-se, ainda, uma revista e um folder, que foram enviados para uma escola da cidade de Irati. Houve interação, diálogo e novas experiências, compartilhados através de uma colheita e um lanche com sabores da roça.