As hortaliças, aponta a Seab, ganham cada vez mais espaço no cenário do agronegócio paranaense

Assessoria

O caminho repleto de curvas, com terra batida daquelas bem avermelhadas, é a companhia diária do agricultor Luiz Carlos Shimada há anos. O trecho termina na pequena propriedade que ele administra em parceria com um amigo das antigas. Ali, plantam hortaliças que ajudam a fazer a fama de Uraí, cidade vizinha a Cornélio Procópio.

Em tempos normais, com o clima a favor, Shimada costuma tirar da terra 120 caixas de 15 quilos de quiabo por semana. É um dos impulsionadores da cultura, que fazem do município o maior produtor do Paraná. Foram 594 toneladas em 2020, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Ou 7,5% das 7,9 mil toneladas produzidas em todo o Paraná no ano passado.

Um número pra lá de robusto para uma cidade de cerca de 11 mil habitantes, segundo a estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Sou de Uraí, nasci aqui, e trabalho na agricultura desde os meus 15 anos. Nesse tempo todo a produção da cidade cresceu consideravelmente. Posso garantir que hoje é Uraí que abastece Curitiba e Londrina com quiabo. E quiabo da melhor qualidade”, diz Shimada, de 53 anos, que divide a área – e o ano agrário – com plantações de abobrinha e jiló, outros itens que também fazem sucesso na Ceasa de Londrina, o principal ponto de distribuição do agricultor. “Ajudam a completar o orçamento”, revela.

As hortaliças, aponta a Seab, ganham cada vez mais espaço no cenário do agronegócio paranaense. No recorte de 10 anos, entre 2007 e 2017, a produção estadual cresceu 80%, saltando de 1,71 milhão para 3,12 milhões de toneladas. E segue em tendência de alta, apesar da estiagem que atrapalhou o rendimento ao longo de 2020 e 2021. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), por exemplo, que era de R$ 3,29 bilhões passou para R$ 3,9 bilhões no ano passado, um incremento de quase 20%.

“Era para ser melhor ainda, mas o tempo seco, o frio, a geada e o vento atrapalharam. Tanto que estou aqui com o quiabo que plantei em maio e ainda não está pronto para colher”, afirma o agricultor, indicando que o tempo normal entre o plantio e a colheita não passa de 90 dias. “Está tudo diferente esse ano”.

Shimada destaca, contudo, que há um lado bom nessa demora inesperada: o valor do quilo da hortaliça. “Está bom. Aquele quiabo para a bandeja sai entre R$ 90 a R$ 100 a caixa. Já aquele mais fraco conseguimos vender por R$ 60 a R$ 70. A questão é só ter para comercializar”, diz.

RAMIFICAÇÃO – O sucesso do quiabo em Uraí começa a expandir horizontes e ganhar território pelo Norte do Paraná. A vizinha São Jerônimo da Serra, distante 70 quilômetros, já aparece na vice-liderança na produção, com 360 toneladas em 2020. E assim segue por Assaí (200 t), Jataizinho (165 t) e Santa Cecília do Pavão (100 t).

“É, sem dúvida, o grande polo do Paraná, as cidades aqui da região abastecem todo o Estado. E estamos crescendo também na produção de orgânicos”, afirma o chefe regional da Seab em Cornélio Procópio, responsável por 23 municípios dos arredores, Fernando Itimura.

“O Paraná tem uma presença muito forte na produção de alimentos, com uma horticultura muito diversificada. E, dentro desse cenário, o quiabo também é muito forte. Hoje, a olericultura representa 3% de toda a riqueza que produzimos anualmente no campo. Se for agregar valor, fica ainda mais substancial. A atividade é capaz de dar o que chamamos de densidade de renda, com uma pequena área produz grande valor”, ressalta o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

SÉRIE – O quiabo de Uraí faz parte da série de reportagens “Paraná que alimento o mundo”, desenvolvida pela Agência Estadual de Notícias (AEN). O material mostra o potencial do agronegócio paranaense. Os textos são publicados sempre às segundas-feiras. A previsão é que as reportagens se estendam durante todo o ano de 2021.

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