Os Pioneiros, por ramo de atividade no povoado
*Walter de Oliveira
Listamos no artigo anterior os pioneiros “urbanos” do distrito de Bandeirantes (“Invernada”), e o fizemos segundo o seu “ramo de atividade”. Valemo-nos para isso segundo o que se vê na relação de nomes” – e atividades – que foi “chancelada” na reunião dos moradores do distrito, em 8 de setembro de 1931. Hoje listaremos, obedecendo ao mesmo critério, os pioneiros do “povoado da estação”. Os nomes que adiante lançaremos foram extraídos do livro “O Município de Bandeirantes”, 1950, de Solano Medina, aos quais, todavia, acrescentaremos nomes que foram omitidos naquela obra histórica e que sabemos, seja por pesquisa (inclusive algumas delas gravadas – caso de Kenji Ueno, pioneiro com seu irmão Massato, na compra e benefício de café) ou por nosso conhecimento pessoal. Esclarecemos ainda, que a relação dos pioneiros da zona rural – exceto dos ramos “água mineral” e “cerâmica e olaria” – apresentá-la-emos em nosso livro, em elaboração.
PIONEIROS POR RAMO DE ATIVIDADE NO POVOADO (EM ORDEM ALFABÉTICA)
AÇOUGUE: O primeiro a explorar esse ramo, no “povoado da estação”, foi Antenor Moretti. Aqui já aduziremos informação histórica omitida no livro de Medina. Ao abrir o seu açougue, Antenor Moretti o fez em sociedade com Pompeo Tomasi (isso quem contava era Baruque Moretti, filho mais velho de Antenor). Isso se deu nos anos 1935/1936. Em 1939, aconteceu de eclodir a Segunda Guerra Mundial e como Tomasi fosse italiano, ele ficou temeroso de uma “intervenção” do governo (ditadura Vargas), que aliás, interveio na Fazenda Nomura, a qual ficou por 15 anos sob a administração de um gestor federal. E esse temor, contava Baruque, levou Pompeo Tomasi a vender a sua parte no açougue para o sócio Antenor, que ficou sendo o único dono do estabelecimento. O fato pode não ter outro valor em
si, mas tem valor histórico. Seguiram-se a Antenor Moretti, segundo Medina, os seguintes nomes no ramo de açougue: Antônio Souza Porto, Guerino Ranucci, João Rodrigues de Mattos, Joaquim Campos e Romão Gomes Lomba. Aqui, novas omissões no livro de Medina, eis que, segundo nosso conhecimento, outras pessoas atuavam nesse ramo no início da década de 1940.
Casos de João Sanchez e Leandro Ragazzi, cujos açougues se situavam, respectivamente, na esquina das hoje ruas Juvenal Mesquita e Arthur Conter e ao lado esquerdo da Comendador Meneghel, quase esquina com a Frei Rafael Proner. Já em época bem posterior (1960/1970) vários outros nomes vieram se somar aos exploradores desse ramo, dentre os quais Crispiniano Souto Sobrinho e José Martins Marinho e seus irmãos, que embora não sendo pioneiros na acepção da palavra, são de tempos que remontam a meio século.
Ainda na primeira letra do alfabeto, listaremos agora os nomes dos pioneiros na ADVOCACIA.
Segundo Medina, os nossos primeiros operadores do “direito” foram: Adalberto Dutra de Rezende, o qual, além do brilhante causídico que foi, tanto na área civil, quanto na criminal, foi também um poeta do maior brilho e jaez e nas horas vagas, como ele mesmo dizia, também fazendeiro; Alício Ribeiro da Motta, também conhecido por padre Alício, que além de brilhante e atuante advogado, era também fazendeiro. Clérigo em sua primeira formação acadêmica, Alício trocou a batina pela toga e o celibato pelo casamento, do qual resultou uma filha (cujo nome não declinamos por desconhecer, mas o faremos em nosso livro), promotora de justiça.; Osvaldo Raposo de Almeida. Nosso amigo – como o foi Adalberto – doutor Raposo foi, também como Adalberto, dos primeiros a atuar no foro local, quando nossa comarca foi criada, em 1949 e por ela respondia o meritíssimo juiz de direito Augusto César Viana Espínola (o primeiro juiz da comarca). Homem de alto saber jurídico, doutor Raposo era advogado desde o ano de 1905, possivelmente ao lado de Adalberto Dutra de Rezende, os mais longevos de militância forense que até aqui atuaram na comarca. E o último advogado pioneiro (listado por Medina) foi Wilson Piazzeta, que era, na verdade promotor público (nome até então dado ao promotor de justiça atualmente), mas que talvez, pelo pouco número de advogados à época, era permitido ao promotor o patrocínio de causas particulares.
Ao que nos parece, Medina listou os pioneiros na “advocacia”, a partir da criação da nossa comarca, em 1949. Acontece, porém, que 34 anos antes disso, 1915, o povoado da “Invernada” já era bem habitado e tinha comércio em franca atividade, como atestavam os pioneiros rurícolas João Fernandes da Silva e João Alagoano (bairro Perobinhas), que iam comprar mercadorias nas vendas da “Invernada”. Essa população tinha, por certo, problemas e questões a serem resolvidas na justiça (comarca de Jacarezinho), para o que era exigida a figura do advogado. Ou seja, antes dos advogados pioneiros listados por Medina, outros nomes laboraram na seara jurídica, que foram, segundo pesquisamos e conhecemos pessoalmente, Heitor Pereira Filho e Hélio Setti, que além de brilhantes causídicos, foram também políticos dos mais atuantes. Ambos de Jacarezinho, o primeiro foi deputado federal e o segundo, estadual. Ao que diziam os mais antigos, ambos tiveram seus nomes sufragados nas urnas pela população do distrito, que a despeito disso – e da eficiente ação daqueles dois parlamentares – apenas contribuía aos cofres públicos – e votava -, mas, benefícios públicos nenhum, ao que se sabe, jamais recebia.
ALFAIATARIA: Atividade praticamente hoje extinta, sobretudo nas pequenas e médias cidades, tempos houve em que os profissionais da tesoura, da linha e da agulha eram dos mais demandados e bem pagos. (continua…)
*Walter de Oliveira, 89, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.