QUINQUAGÉSIMA QUARTA PARTE
Walter de Oliveira*
Depois de uma ausência de quinze meses e meio, eis-nos de volta aos “Fragmentos da Nossa História”, e hoje, excepcionalmente, sob uma forma diferente, porquanto não declinamos da obrigação de justificar aos nossos milhares de assíduos leitores o motivo (ou motivos) dessa nossa prolongada ausência.
Sabemos (e o que nos enche de alegria e mesmo orgulho) que os nossos “Fragmentos” se tornaram leitura habitual e semanal para nada menos que 3,4 mil pessoas que nos honram, seguindo e curtindo nossa página no Facebook, sem contar os leitores de um milhar de exemplares impressos desta Folha.
Parafraseando o ilustre e sempre lembrado ex-prefeito Jamil Fares Midauar, esse alentado prestigiamento ao nosso trabalho (que não vem de hoje) só aumenta a nossa responsabilidade. Todavia, como é notório e cediço, o realizá-lo com toda a dedicação e devotamento, implica, necessária e evidentemente, além do esgotamento físico (a juventude ficou há muito – temos 92 anos), também em dispêndio financeiro (viagem, estadias em hotéis, alimentação, logística de apoio, digitações, revisões, diagramações e impressões, além de vários outros “que tais”), nem sempre acomodados nos estritos limites financeiros de um modesto serventuário aposentado (nosso caso), que para continuá-lo, teve que, por mais de uma vez, recorrer a empréstimos consignados em folha e/ou pessoais, dos quais ainda continuamos pagando parcelas; isso, sem contar renúncias pessoais, como trocar o carro usado por um mais novo, férias com direito a uma temporada na praia e similares.
Às vezes – e muitas – “faz-se das tripas coração”, e quase se repete o milagre da multiplicação dos pães; mas não se deixa o carro parar. Ainda bem que contamos, em todo esse tempo, com o apoio e compreensão do nosso filho Waelson (nosso “braço direito”, na digitação, revisão, impressão, catalogação e arquivamento dos textos). Tempo houve, de halos de esperança, de vislumbre de uma “luz no fim do túnel”. Mera miragem, que sempre se desfazia ao chegarmos mais perto. Duas delas aconteceram.
A primeira, do amigo deputado federal, Hermes Parcianello (Frangão), nosso amigo até hoje. “Fique tranquilo Seo Walter; uma emenda parlamentar orçamentária, e o seu projeto estará calçado (garantido)”, nos dizia. Viagem a Brasília (mais gastos), vai e sai de eleições, vota-se, parabeniza-se, cumprimenta-se em aniversário e ao final, “fica o dito pelo não dito”, ante a justificativa (justa, será?) da necessidade de se acudir outras maiores e mais importantes prioridades. A segunda “luz no fim do túnel”, confessamos, foi só da nossa cabeça, fruto da nossa ingênua crença de que é correto que haja (e de fato há) reciprocidade entre pessoas e/ou agentes. Explicamos.
Ao tempo da gestão municipal do ex-prefeito Comendador Luiz Meneghel, nós fomos vereador (mandato não era remunerado) e presidente da Câmara, quando então, criamos a ainda vigorante infraestrutura administrativa do nosso legislativo. Ao tempo do ex-prefeito Jamil Fares Midauar, éramos o seu chefe de gabinete, e ele foi cobrado pelo dono das Termas Yara (Paschoal D’Andrea), que reclamava o asfaltamento da estrada até a estância termal, mas o caixa da prefeitura não tinha recursos nem para asfaltar uma quadra na cidade. Nós ponderamos a Jamil, que se fizéssemos um projeto de balneário, usando como justificativa as substâncias químicas da Água Yara, seria muito provável convencer o governo estadual a asfaltar a estrada.
Ele então deu o sinal verde, e nós, com sua carta branca, partimos para a luta. Foi fácil? Não! Mas o asfalto está aí; Bandeirantes, entre os 399 municípios paranaenses, é dos poucos que tem uma rodovia estadual (PR 519) asfaltada e conservada pelo estado. Calcule-se os benefícios para as centenas de usuários dessa estrada e a economia para o município, dela advindos.
Voltando à segunda “luz no fim do túnel”, com a negativa da ajuda do deputado Frangão e com as informações sobre esse nosso trabalho do asfalto da estrada da Yara, fomos, mais que esperançosos, levar ao atual prefeito, Jaelson Ramalho Matta, o pedido de apoio financeiro para o nosso projeto de resgate histórico (que se achava, à época, bastante adiantado; algo em torno de 70%). Por duas vezes e com muita cordialidade, recebeu-nos sua excelência. Ouviu-nos atenta e educadamente, saboreamos um bom cafezinho, e em ambas as vezes, ele ficou de nos dar um retorno, que passados dois anos, nunca veio, nem por telefone.
Para nós, a atitude do prefeito, foi muito mais frustrante e decepcionante, que a do deputado. Até hoje, quedamo-nos em indagações sobre o descaso e a indiferença do prefeito com relação a um projeto de resgate da nossa história – tão bem recebido pelo povo (os “Fragmentos” são lidos, semanalmente, por mais de 4 mil pessoas!).
Da nossa parte (que inclusive já fomos seu eleitor), sempre nos pareceu não sermos o motivo. Seria de então, entender, que para ele a nossa história não é coisa de importância para o povo? Poderia ser pelo fato de ele ser de outra cidade? Talvez o melhor seria deixar o próprio povo responder.
Mas o fato lamentável, é que por não termos mais condições de levar o trabalho adiante, obrigamo-nos à suspendê-lo provisoriamente, quando fomos redigir a “História do Comendador Daniel Meneghel em Mato Grosso”. Terminado aquele trabalho, e com os recursos dele advindos, eis-nos aqui, rumo à conclusão do livro (cujas pesquisas fazemos há mais de uma década) e que pretendemos, se Deus quiser, entregar à população bandeirantense no aniversário do município, em 2025, seja quem for o seu gestor. O interessante é que estamos de volta!
Ante a possível pergunta do por que do nosso retorno às publicações dos “Fragmentos da Nossa História” estar se dando às vésperas da eleição, respondemos que uma coisa nada tem a ver com a outra. O fato é que estávamos sendo cobrados (na rua e redes sociais, quando não por telefone), sobre a continuidade do trabalho e o término do nosso livro. Para nós, prestigiados por nossos milhares de leitores, a prioridade é atendê-los. E também ante a possível pergunta do por que as nossas explicações serem dadas no formato de “Fragmentos da Nossa História”, é porque os fatos ocorridos e aqui relatados, têm estreita relação com a nossa história, pois ocorreram em função do andamento de um trabalho para resgatá-la.
Ao final, pelo azo do momento político, com a permissão dos ilustres e generosos leitores, e certo de não estarmos praticando nenhum ilícito eleitoral, lembramos que nosso filho Wanderson de Oliveira está disputando uma vaga na Câmara de Vereadores e agradecemos a todos que se interessarem em conhecer suas propostas de trabalho, acessando suas redes sociais (basta buscar por Wanderson Oliveira no Facebook e Instagram).
* Walter de Oliveira, 92, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.