
Walter de Oliveira*
Eis-nos de volta aos imaginários trilhos de aço sobre os quais viajamos no tempo e na história, quando em cujas viagens, muitos desses milhares de passageiros, passam a conhecer pessoas e fatos que fizeram a nossa história. Nesse mágico e por vezes, fascinante passeio, quis o destino que fôssemos escalado para seu cicerone e que por ser improvisado, sujeito a incorrer em erros, dentre os quais o da omissão. Ainda assim, sigamos.
Dissemos no final do artigo anterior, que hoje falaríamos de algumas das muitas realizações do prefeito Jamil Fares Midauar. Quando dizemos “algumas”, é porque assim o fizemos também nos relatos dos prefeitos que o antecederam. Assim, iniciaremos falando sobre como Jamil conseguiu que o Alto Comando da 5ª Região Militar, numa decisão não menos que excepcional, autorizasse a criação do nosso TG 05-013. E quando dizemos excepcional, é por ser isso uma realidade; normalmente, tal não aconteceria, posto não existir em todo o estado, três tiros de guerra sediados em cidades distantes entre 38 e 36 quilômetros entre si. Justifica-se esclarecermos aqui o passado militar de Jamil, que serviu durante dez anos na Base Naval de Natal-RN, e que deve ter muito contribuído para dotá-lo de um senso de patriotismo que lhe aflorava à pele. Éramos seu chefe de gabinete, e por isso testemunhamos a ênfase com que ele defendia a criação do nosso Tiro de Guerra.
Quando da apresentação do pedido, a reação inicial daquele alto comando foi francamente negativa, mas prevaleceu a resiliência de quem foi criado no tórrido agreste cearense. Dava gosto ver Jamil falar dos benefícios que o pretendido tiro de guerra traria para um município que congregava os seus três vizinhos – Itambaracá, Santa Amélia e Abatiá -, e, dividia com Cambará e Cornélio Procópio, respectivamente, os municípios de Andirá e Santa Mariana.
Apesar da validade e da força das razões evocadas, ficou nítido, que o motivo determinante para termos essa importante unidade militar, foi o tom eloquente em que o prefeito Jamil Fares Midauar defendeu a legitimidade do seu pedido. E como resposta e reconhecimento a esse seu bem-sucedido embate, foi que Jamil Fares Midauar passou a ser considerado o Patrono do TG 05-013, por todos os seus comandantes.
Passemos agora à criação do “novo prédio” do fórum da comarca, que à época funcionava no prédio (hoje remodelado) em que atualmente funciona a Câmara Municipal, e tinha como seu diretor o juiz de direito Sidney Mora, chamado de “Cavuca”, no meio forense. Tanto o doutor Sidney, como o promotor de justiça Antônio Edwing Caccuri queixavam-se da inadequação daquele antigo prédio para atender a contento as demandas do judiciário e ministério público locais.
Também desta feita, acompanhamos o prefeito em sua “nova briga” (e agora com a presidência do Tribunal de Justiça). No primeiro “round”, o resultado foi negativo, com o tribunal alegando escassez de recursos para atender o pleito, face aos muitos já feitos por várias comarcas estado afora. Novamente Jamil deu prova de que era homem de visão administrativa e que como gestor maior do município, lhe competia encontrar solução para as demandas da sociedade que lhe conferira o honroso mandato. Aliás, mais de uma vez, como seu auxiliar mais próximo, o ouvimos dizer da sua constante ciência da responsabilidade que lhe pesava sobre os ombros.
À alegação que o tribunal priorizava os pedidos das prefeituras que ofereciam “contrapartida” para a construção de fóruns, Jamil fez constar no orçamento financeiro do exercício seguinte, a respectiva dotação, com o que não deixou outra alternativa para o tribunal de justiça, a não ser autorizar o novo palácio municipal do judiciário (que é o prédio que décadas depois veio a ser a atual sede da prefeitura).
Já atendidas essas duas importantes demandas da população, veio a terceira importante obra: o asfaltamento da estrada Bandeirantes – Águas Yara, obra cujo valor para o município salta aos olhos, eis que além do seu então principal objetivo (dar condições de transitabilidade para os milhares de “habituês” daquele complexo termal – à época o mais frequentado da região norte paranaense), trouxe grandes benefícios a várias centenas de proprietários rurais daquele rico pontal dos nossos dois principais rios (Cinzas e Laranjinha).
Por economia de tempo, lembramos aos nossos caríssimos leitores que tenham interesse de conhecer como se deu a quase utópica autorização do governo estadual para essa não menos que abençoada obra, ler o seu “passo a passo”, conforme descrito da décima primeira à décima quinta parte destes “fragmentos”, conforme publicado em nossa página no Facebook.
É importante saber (ou lembrar) que a depender de recursos municipais, esse asfaltamento (de alto custo) jamais teria saído, e no tocante ao qual (permitam-nos os ilustres leitores a pouco simpática conjugação do ego), foi fundamental e – por que não – imprescindível, a nossa atuação, uma vez que, conforme se vê da leitura dos “fragmentos” referidos, todo o complexo, custoso (para o estado do Paraná e terceiros, não para o município) e bem-sucedido plano, partiu, pela graça de Deus, de nossa concepção como chefe de gabinete que fomos durante o mandato de Jamil.
Encerrado o relato da gestão de Jamil Fares Midauar (tido pela população como de alta performance), passamos a listar os eleitos no pleito de 1976, que contaram com três candidatos a prefeito, e foi nelas que o partido MDB (Movimento Democrático Brasileiro), cujo diretório municipal era dirigido por Nelson Abujamra, participou, pela primeira vez, da disputa local, tendo como “cabeça de chapa” Eurípedes Bonfim Rodrigues e como vice, Aldo Mania.
A ARENA (Aliança Renovadora Nacional) teve, pela sublegenda um, Daniel Meneghel concorrendo como candidato a prefeito e como vice, o seu primo Roldão Zambon. Pela sublegenda dois, concorreu como candidato a prefeito, o bancário, professor e advogado, José Fernandes da Silva, que teve como vice, o médico Ilton de Souza Guerra.
Continua.
* Walter de Oliveira, 92, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932