
OITAVA PARTE
Walter de Oliveira*
Eis-nos de volta ao comboio que nos conduz à nossa viagem no tempo e na história, quando estamos listando os nossos “gestores” e “legisladores” municipais, à altura da gestão de Moacyr Castanho, suspensa quando passaríamos a nomear os edis daquela legislatura. Todavia, antes de os nomearmos, é de nosso dever acusar (e retificar) o erro que se vê no início do último parágrafo daquele texto, onde se lê “demandado”, a leitura deve ser “demonstrado”.
Gestão 1964/1968 – Vereadores eleitos: João Conrado Mesquita (UDN), Sebastião Nogueira da Silva (UDN), Francisco Teixeira Ribeiro (UDN), José Alves Cabral (PSD), Vacieli Jaciura (PSD), Antônio Braga Xavier (PSD), Yoricide Miyoshi (PDC), Olívio Mioto (PDC), José Alves Machado da Cunha (PTB), José Primo Vicente (PSP), Antônio Ranazzi Bentivenha (PTN) e José Mário Junqueira (UDN). Como se vê, a maior bancada era da UDN – União Democrática Nacional.
Para que os leitores tenham uma visão do panorama eleitoral do pleito em realce (outubro de 1963), o município tinha 7.654 eleitores, e destes “não compareceram” às urnas, 2.585 e dos 5.069 votantes, 105 deles votaram em branco e 58 anularam o voto. Como já referido no início dos “fragmentos” da edição anterior, o pleito teve três candidatos a prefeito, e à Câmara Municipal concorreram nada menos que 86 candidatos, figurando entre os não eleitos nomes como Eurípedes Rodrigues, Benedito Bernardes de Oliveira, Celso Fontes, Jamil Fares Midauar, Wladimir Aranha, Antônio Corder, o próprio promotor de justiça, Ernani de Souza Cunha e seu inseparável amigo, Odair Von Der Osten. O registro do fato é feito com o intuito único de chamar a atenção para o interesse pela política das pessoas naqueles pretéritos dias, nunca sendo desperdício lembrar, que “outra coisa” e “outra razão” não as movia, a não ser o “desejo genuíno de fazer a diferença” em suas comunidades.
A nossa posição e postura, de quem produz um trabalho de resgate histórico, se assemelha às vezes, ao “andar entre cristais”, eis que nos obrigam – e nos obrigarão – a relatar fatos ocorridos no campo da administração pública, que nem sempre são de boa lembrança. Mas, consoante o que conhecemos das histórias dos povos (seja da nação ou do município), “os acontecimentos” e “ocorrências”, a elas se incorporam. Isto dizemos pela abordagem feita na edição passada destes “fragmentos”, sobre dois bens de uso do SAAE, que eram seus por decisão do governo estadual, e depois esse mesmo governo os pegou na “mão grande”, posto havê-los dado à SANEPAR como parte da “integralização” de aumento de sua cota no capital social daquela companhia de saneamento (uma empresa de capital misto). Muitos dos leitores teriam visto o comentário, a propósito, feito pelo ruralista Roberto Cássio Pavan, cuja honorabilidade e retidão de proceder conhecemos já dos tempos de Ângelo Pavan e José Pavan, seu avô e pai, respectivamente.
Um homem como Roberto Pavan, que, mesmo à custa de “tirar do tempo que devia ser da sua fazenda”, emprega-o dirigindo a utilíssima “Usina da Cidadania” (de tantos benefícios para adolescentes e jovens de Bandeirantes), não tem de se justificar de nada. E isso, até porque as suas funções na então ainda nascente autarquia, eram de torná-la um “órgão funcional”, de bom atendimento ao público, o que realmente aconteceu, uma vez que o nosso SAAE é referência em toda a região norte do Paraná, quiçá, para além dela. Sucedeu-o depois, gente do jaez moral de Cezar Botarelli Filho, coadjuvado pelo excelente Mauro de Freitas, e assim, foi sendo construída a história dessa respeitável autarquia, por onde passaram funcionários, cujos nomes ficaram na história, como Pedro Joaquim da Silva (“seo” Pedro do SAAE), Orestes do Amaral, Agenor Mariano (Tigrinho), Carlos Muraro e outros, e diretores como José Washington Santana, Roberto Casali Pavan, Carlos Gôngora, Romeu Furlan, Juba, Luiz Gustavo Meneghel e outros do mesmo jaez, até o atual, João Guin Filho, igualmente uma unanimidade em conceituação.
- e) Eleições de 1968 – Prefeito: Comendador Luiz Meneghel. Natural da bicentenária cidade de Piracicaba/SP, Luiz Meneghel chegou em Bandeirantes nos idos de 1940, ou seja, quando o município completaria seis anos de sua criação. Enquanto Moacyr Castanho aqui aportou atraído pela inusitada movimentação do seu comércio, Luiz Meneghel veio atraído pela fertilidade de suas terras roxas, o que aliás, já dissemos ao falarmos da sua eleição do ano de 1951. Hoje trataremos da eleição que o conduziu ao seu segundo mandato de prefeito, quando aconteceram fatos até aqui conhecidos só nos bastidores políticos, mas que reputamos de interesse histórico, quando não por outro motivo, ao menos para mostrar quão mutável é o campo político-eleitoral.
Como visto pelas descrições das duas eleições anteriores, de José Mário Junqueira e Moacyr Castanho, ambos contaram com o apoio de Luiz Meneghel. E dizemos isso com o conhecimento de quem, à época, já era militante político (eis que, na campanha de Moacyr Castanho, éramos seu companheiro, como candidato – não eleito – a vereador), bem como quem tem a responsabilidade de ser neutro ao fazer esse trabalho de resgate histórico.
Vai daí, que se aproximando o término do mandato de Moacyr Castanho, Luiz Meneghel (então com 69 anos de idade), decidiu ser mais uma vez, candidato a prefeito, e se eleito, realizar um grande sonho, que de há muito acalentava, e no rumo do qual Moacyr Castanho teve a feliz visão de dar o primeiro passo ao instituir o Fundo Municipal de Ensino e a Fundação Educacional de Bandeirantes: CRIAR UMA FACULDADE DE AGRONOMIA EM BANDEIRANTES, cuja cidade e seu povo o acolheram com tanto carinho, quando deixou a sua Piracicaba.
Continua.
* Walter de Oliveira, 92, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932