SEPTUAGÉSIMA PARTE
Walter de Oliveira*
No passo a passo deste trabalho de resgate da nossa história, nessa nossa viagem no tempo, voltamos à listagem dos nossos pioneiros, agora não mais do povoado, quando nos focávamos nos comerciantes, profissionais liberais, industriais, agricultores e todas as demais atividades que integravam o corolário do cotidiano da comunidade, nas quais a preocupação e objetivo eram a sobrevivência e a obtenção de lucro, mas sim do município, posto que os nossos protagonistas de agora são aqueles a cujos cuidados, como dito anteriormente, ficava a gestão da coisa pública e o próprio bem-estar da população de um município recém-criado.
Embora os campos de atividades sejam distintos – privado e público – tanto um como outro caso exigem dos seus agentes, além do pendor, aptidão, devotamento, assiduidade e enfim, tudo o que sirva de adjutório para os alvos e fins propostos.
Nós vimos, por exemplo, em listagens anteriores, porque a dona Ana Nazário esvaziava, diariamente, três enormes cestas dos sonhos que fazia e saía a vender nas casas; e igualmente acontecia com os salgadinhos e as coxinhas feitos por dona Idalina Corrêa, esposa do “seo” Juvenal, do bar da estação ferroviária. De igual modo, vimos porque (como está descrito da 11ª à 14ª partes desses “fragmentos”), uma gestão que não tinha recursos próprios para asfaltar sequer um quarteirão, conseguiu, contudo (graças à criatividade mental da assessoria do prefeito de então), convencer o governo do Estado a asfaltar a estrada para a Águas Yara. Haverá sempre – em quaisquer dos casos e como já dito -, de ocorrer a conjugação de fatores como o pendor, aptidão, devotamento e assiduidade. Afora isso, é o conhecido, batido e histórico “enxugar gelo”. Sobretudo e notadamente no caso da gestão da coisa pública e da legislatoria, quando e já de há muito, a visível e manifesta ação dos agentes públicos em atividade, ao contrário de visar aos seus fins precípuos, visam a mesquinhos interesses pessoais (mesquinhos, moralmente falando; mas, monetariamente, muitíssimo expressivos).
Na edição passada, trouxemos, em primeiríssima mão, os nomes que compuseram a Câmara Municipal pioneira de Bandeirantes. Afirmamos, à margem de qualquer dúvida, ser essa uma das mais interessantes informações históricas sobre o município dos últimos tempos, se assemelhando à da reunião feita em 08 de setembro de 1931, na escola da Invernada, quando foi nomeada a primeira comissão para tratar da criação do município (31ª parte destes “fragmentos”).
E vimos também, na mesma edição, que dos vereadores empossados, residiam fora de Bandeirantes: João Reghin, de Cornélio Procópio e Raphael Antonacci, de Cambará. Acontece, no primeiro caso, que à época, Cornélio Procópio pertencia ao município de Bandeirantes, e no segundo, porque Cambará pertencia à mesma Zona Eleitoral (26ª) do Paraná. E ainda uma observação com referência ao vereador Hamilton de Oliveira, primeiro nome que consta da Câmara pioneira. Vamos verificar, posteriormente, na legislatura 1948/1951, ou seja, em eleição feita treze anos depois da eleição da Câmara pioneira, que no penúltimo ano daquela legislatura (1950), aparecerá o nome do vereador Hamilton Oliveira Filho, obviamente filho de Hamilton Oliveira.
Fazemos a observação para mostrar que, embora em épocas diferentes, pai e filho foram vereadores em Bandeirantes. Por si só, não fora a semelhança de nomes, não faria sentido a observação. Contudo, e não obstante o acréscimo do filho ao segundo nome, mas devido à relativa proximidade dos dois pleitos (13 anos), achamos por bem fazer o alerta. Por último, e num ato de justiça, vimos agradecer a preciosa colaboração do advogado Carlos Roberto da Silva, agente legislativo da Câmara Municipal de Bandeirantes, nos fornecendo as informações pertinentes à nossa Câmara pioneira.
Feito o preâmbulo, prosseguiremos agora com a listagem dos prefeitos, que desde então geriram o município, lembrando, que todos os que assumiram o cargo até 05 de março de 1947, num total de oito, o fizeram em decorrência de decretos; da interventoria ou governamentais. Na edição passada desses “fragmentos”, já havíamos listado Raphael Antonacci e Eurípedes Rodrigues. Seguimos agora com aqueles que os sucederam.
– Domingos A. M. Soares Pereira, exerceu o cargo de 06 de janeiro de 1941 a 14 de abril de 1943;
– Edgar Camargo, exerceu o cargo de 17 de abril de 1943 a 18 de outubro do mesmo ano, portanto por um período de apenas seis meses;
– José Assunção, tomou posse em 19 de outubro de 1943 e ficou no cargo até 10 de maio de 1945;
– José Gomes de Figueiredo, tomou posse em 10 de maio de 1945 e ficou no poder até 18 de novembro do mesmo ano, governando o município igualmente por apenas seis meses. Mais conhecido por Zeca Figueiredo, esse prefeito era também fazendeiro e dono de milhares de pés de café – essa referência o fazemos visando reforçar o nosso relato, uma vez que nosso pai, Luiz de Oliveira, cujo sustento da mulher e filhos dependia da força de seus braços, foi colono nos cafezais de Figueiredo nos anos de 1938/1939, quando nós, então, entre seis e sete anos de idade, já fazíamos pequenas tarefas no período da colheita;
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– Depois de Figueiredo, Cézar Botarelli Neto, toma posse em 19 de novembro de 1945 e fica no cargo até 28 de fevereiro de 1946, sendo prefeito por um período de 98 dias, até o momento, o mais curto mandato de prefeito do município. “Seo” Cézar, como ficou conhecido e sendo chamado, tornar-se-ia, por sua proficiência, conceituação e longevo período de atividade, num dos principais quadros da parte administrativo-contábil da nossa municipalidade.
Continua.
* Walter de Oliveira, 92, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932.