Além da redução no preço das tarifas aos usuários e a garantia de um grande pacote de obras estruturantes, as novas concessões rodoviárias do Paraná também terão um forte impacto sobre o PIB estadual. Apenas para os lotes 1 e 2, cujos contratos foram assinados no último dia 30 em Brasília, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) projeta um acréscimo de R$ 27 bilhões na economia até 2054.
A análise do Ipardes leva em consideração os investimentos a serem aplicados ao longo de 30 anos pelas concessionárias Via Araucária e EPR Litoral Pioneiro nos mais de mil quilômetros de rodovias estaduais e federais incluídas nos lotes 1 e 2, respectivamente. Os valores estão previstos nos contratos, que também estipulam um maior volume de recursos já nos primeiros anos de concessão.
Do valor global do impacto projetado, R$ 19 bilhões, equivalentes a 70%, correspondem aos efeitos diretos e indiretos dos investimentos para melhoria da malha viária. O montante inclui as atividades econômicas que serão focos dos investimentos, como o agronegócio, a indústria e o turismo, bem como os segmentos a elas relacionados.
Os outros R$ 8 bilhões, equivalentes a 30% do impacto estimado, dizem respeito ao chamado efeito renda dos investimentos. O valor representa a conversão em consumo da renda obtida pelos envolvidos no programa como, por exemplo, o consumo de bens e serviços pelos trabalhadores das concessionárias, beneficiando atividades aparentemente sem vínculos com as obras, como os ramos de alimentação e o comércio em geral.
A equipe técnica da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estima que o Lote 1 deverá gerar quase 82 mil empregos diretos, indiretos e aqueles gerados pelo efeito-renda, enquanto outros 110 mil empregos devem resultar do segundo lote de concessões.
Segundo o presidente do Ipardes, Jorge Callado, além dos efeitos positivos relacionados à execução das obras, a ampliação e a melhoria da infraestrutura rodoviária do Paraná possibilitarão o aumento da produtividade. “Estimamos que para cada R$ 1 milhão de aumento na oferta de serviços de transporte o PIB paranaense será incrementado em R$ 544 mil, contribuindo para a continuidade do dinamismo econômico que vem sendo observado nos últimos anos”, avalia.
Callado destaca também a importância dos investimentos em infraestrutura no aumento da segurança das pessoas em deslocamento, o que também reduz custos na saúde pública. “Rodovias bem dimensionadas e com a manutenção em dia resultam em menor número de acidentes nas estradas, preservando vidas”, acrescenta o presidente do Ipardes.
ABRANGÊNCIA – O estudo de Ipardes levou em consideração apenas os dois primeiros lotes licitados e contratados. O primeiro lote engloba 473 quilômetros das rodovias BR-277, BR-373, BR-376, BR-476, PR-418, PR-423 e PR-427 que passam por Curitiba e Região Metropolitana, Centro-Sul e Campos Gerais. O contrato prevê a implementação de 344 quilômetros de duplicações, 215 quilômetros de faixas adicionais, 32 quilômetros de vias marginais, 27 quilômetros de ciclovia, 63 viadutos e trincheiras, além de passarelas, passagens de faunas e outras obras.
O segundo trecho envolve 605 quilômetros das rodovias BR-153, BR-277 e BR-369 e das estaduais PR-092, PR-151, PR-239, PR-407, PR-408, PR-411, PR-508, PR-804 e PR-855 em trechos que passam por Curitiba, Litoral, Campos Gerais e Norte Pioneiro. O contrato inclui a duplicação de 350 quilômetros, instalação de 138 quilômetros de faixas adicionais, 73 quilômetros de vias marginais e 72 quilômetros de ciclovias. Serão ainda 107 novos viadutos, 52 passarelas, 35 pontos de correção de traçado e oito passa-faunas.
No total, as novas concessões abrangem 3,3 mil quilômetros todo o Paraná divididas em seis lotes. O investimento total estimado para as próximas três décadas soma mais de R$ 50 bilhões em melhorias e ampliação da malha rodoviária.