Durante audiência pública que investiga o cancelamento do leilão de arroz do governo federal no último dia 11, o deputado federal e Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) Pedro Lupion questionou o fato de o ex-Secretário de Política Agrícola, Neri Geller, ser o único exonerado após iniciadas as investigações.
“Ele sai como único culpado numa história com diversos atores. Essa é a grande preocupação que a gente precisa ter. Tem muita coisa errada, muita coisa estranha por aí. É importante ouvir o presidente da Conab, Edegar Pretto. Como responsável pelo leilão, ele tem mais a explicar do que o próprio Neri”.
Geller reiterou, na audiência pública, que não pediu exoneração, diferente do que foi publicado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Disse ainda que não agiu para prejudicar o leilão, nem tentou beneficiar empresa vencedora de um ex-sócio de seu filho. Lupion acredita que é preciso aprofundar toda essa apuração.
“Tanto a questão do leilão de arroz, como a compra de 12 toneladas de milho, em dezembro passado, envolvem empresas sem capacidade técnica. Aí tem nota da CONAB dizendo que não havia necessidade de compra, que não há risco de desabastecimento, e com 10,4 milhões de toneladas colhidas à disposição do mercado brasileiro. Mas o governo quer novo leilão? Por quê?”
CRITICA – O Presidente da FPA questionou a “vontade tão grande do governo pra fazer uma compra emergencial”. Para ele, a resposta envolve a Medida Provisória de socorro ao Rio Grande do Sul por causa das enchentes e chuvas. “Ela justifica o furo do Teto de Gastos da União. Com isso, o governo justifica uma despesa de R$ 7,5 bilhões para comprar um arroz de qualidade questionável, sem necessidade, sem precisar de mais esclarecimentos às autoridades competentes”.
Lupion criticou ainda o fato de o arroz comprado não seguir para alimentar o povo do Rio Grande do Sul, mas todo o país, e ainda prejudicar os produtores rurais não-afetados pela emergência naquele estado. “Ou seja, a já combalida economia gaúcha pode até piorar”.
O parlamentar disse que assinou o requerimento de criação de uma CPI para investigar a compra de arroz pelo governo federal. “Cabe ao presidente da Casa (Arthur Lira) a instalação ou não de uma CPI, não sei como está a fila de pedidos, mas as assinaturas eu não tenho dúvida que estarão lá. Não será o mero cancelamento do leilão que fará cessarem os questionamentos”, finalizou.