Monark e Adrilles perderam o emprego após menções nazistas

Defendendo a liberdade de expressão, dois comunicadores fazem menção ao nazismo e, por consequência, são desligados dos empregos

Regiane Romão

A falta de informação (ou a perversidade) trouxe para o país um tema que, para muitos causam revolta, tristeza e muita dor. Um apresentador de podcast, durante uma entrevista, defendeu a criação de um partido nazista no Brasil (a criação de um partido nazista no país é crime previsto por lei).

Bruno Aiub, o Monark, apresentador e criador do Flow Podcast, em uma entrevista com os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP), defendeu que todos aqueles que não gostam de judeus deveriam ter o direito de se filiar em um partido nazista e expressar o seu ódio contra eles. Por sua vez, o deputado federal Kim Kataguiri disse que: “Por mais absurdo, tosco, que o sujeito defenda, não deve ser crime porque a melhor maneira de rechaçar essa ideologia nefasta é justamente fazendo com que a ideia seja inadmissível, por meio do debate”, argumentou. Na mesma entrevista, a deputada federal Tabata Amaral perguntou ao colega parlamentar se ele concorda com a criminalização do nazismo na Alemanha, e ele disse que não.

Após a demissão, Monark se desculpou e disse que estava bêbado. Ele alegou que ingeriu álcool por pelo menos quatro horas durante a entrevista, e em consequência, fez menções sobre a criação de um partido nazista no Brasil. Com a repercussão negativa da entrevista, a empresa Flow perdeu vários patrocinadores, assim como diversos entrevistados pediram para que fossem retirados da grade do programa.

Ao final de um debate sobre a questão da demissão de Monark, o apresentador da Jovem Pan, Adrilles Jorge, se despediu com uma saudação nazista (A Saudação Nazi ou Saudação Nazista ou ainda saudação de Hitler, muito conhecida na época da Alemanha Nazista como Deutscher Gruß, é uma variação da saudação romana, adotada pelo Partido Nazista como um sinal da lealdade e culto da personalidade de Adolf Hitler). Adrilles acabou, também, sendo desligado do emprego, e se defendeu dizendo que foi uma brincadeira e apenas deu ‘tchau’.

Pelas redes sociais e noticiários, muitos disseram que, tanto Monark quanto Adrilles, apenas estavam expondo suas opiniões e que era um exagero das empresas chegarem a tal ponto de demissão, e que a liberdade de expressão é um direito a ser respeitado.

Já com relação ao deputado federal Kim Kataguiri, o pré-candidato à presidência Sérgio Moro, em uma entrevista concedida para uma emissora do Piauí TV Meio Norte, na quinta-feira,10, veio em defesa do parlamentar e disse que: “Ele já pediu desculpas. Eu acho que ele se equivocou profundamente em relação a essa fala e ele já pediu as desculpas a todas as pessoas, como tem que ser. Agora, ele tem um histórico como parlamentar. Não vamos apagar esse histórico porque ele cometeu esse erro brutal, mas não reflete o que ele pensa, foi uma gafe verbal”, disse.

O QUE É A LIBERDADE DE EXPRESSÃO? – Liberdade de expressão é um conceito que prevê a oportunidade de uma ou mais pessoas expressarem suas ideias sem medo de coerção ou represálias, entretanto, é importante que haja fundamentação, conhecimento e informação. O termo se refere à livre manifestação de diferentes vozes, não importando se concordam, divergem em alguns pontos ou discordam umas das outras, a respeito de qualquer tema ou indivíduo. Essa é uma das razões por que a liberdade de expressão é premissa para qualquer governo democrático na atualidade.

Obviamente, ter liberdade para mostrar, publicar ou difundir os pensamentos não significa que isso possa ser feito sem respeitar alguns limites, quando Monark e Adrilles fizeram menção ao nazismo eles ultrapassaram a barreira do limite e chegaram perto de se tornarem criminosos. Afinal, são comunicadores e estão diretamente transmitindo mensagens a um público de massa. Além do limite, existe a responsabilidade e ética.

Para nós, jornalistas (e também comunicadores, apresentadores, âncoras, repórteres e qualquer pessoa relacionada a comunicação no país), o código de ética deve nortear a profissão (e porque não, a vida pessoal também). Um dos artigos do código diz que: III – a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão. Sendo assim, todos, enquanto comunicadores tem que responder por suas falas, opiniões, e principalmente declarações, todas as vezes estiverem exercendo a profissão.

REPULSA AO NAZISMO – Mas porque defender o nazismo causa tanta repulsa? O Nazismo foi um movimento ideológico nacionalista, imperialista e belicista. Nos moldes do fascismo, que se desenvolveu na Itália, o nazismo esteve sob a liderança de Adolf Hitler, entre os anos de 1933 a 1945. Esse movimento consistia numa mistura de dogmas e preconceitos a respeito da pretensa superioridade da raça ariana. Muitos dos alemães acreditavam ser superiores aos outros grupos, sobretudo de judeus, sendo um movimento completamente novo na sociedade. Além disso, outras organizações compartilhavam de seu nacionalismo extremado, de seu racismo sob a tentativa de criar uma sociedade militarista e reacionária. Grupos antissemitas (aversão aos judeus) já existiam na Alemanha e na Áustria desde o século XIX. O nazismo matou, entre 1933 a 1945 aproximadamente seis milhões de judeus nos campos de concentração.

A forma como foi colocado o tema pelos comunicadores citados, o diálogo não é estava acontecendo numa ‘roda de bar’, mas sim num canal jornalístico de comunicação.

Os profissionais de comunicação devem, sim, ser responsabilizados por seus atos perante as câmeras, em seus textos, em suas falas. Enquanto formadores de opinião é inadmissível que, pessoas sejam ofendidas, ou situações sejam menosprezadas, com o argumento de liberdade de expressão.

A frase ‘O seu direito termina quando começa o do outro’, nunca fez tanto sentido.

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