A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento divulgou relatório mensal de acompanhamento da safra nesta sexta-feira (25), relativa ao mês de setembro, que estima uma produção de 24,3 milhões de toneladas para a safra de grãos de verão 2020/21, e 40,8 milhões de toneladas para a safra total de grãos 2019/20 que está em fase de encerramento.
O Paraná começa a plantar a safra de grãos de verão 2020/21 mas a continuidade do clima seco, que se configurou na maior estiagem dos últimos 100 anos, segundo o Simepar, é a maior preocupação dos produtores.
Para o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, o quadro pode ser preocupante por causa da falta de chuvas, mas ele espera uma boa safra de grãos no Estado no ano que vem. Ele disse que a expectativa de safra é sempre conservadora no início mas que pode surpreender no decorrer do desenvolvimento das lavouras e a normalização do clima.
Ele citou o avanço importante da colheita de trigo no Paraná que este ano está rendendo uma excelente produção, em que o produtor está sendo compensado com a boa qualidade dos grãos e elevação nos preços.
Em relação à falta de chuvas, Ortigara disse que o produtor ainda pode trocar de cultivares usando as de ciclo mais curto quando tiver mais umidade no solo para não comprometer tanto o desempenho da safra, recomendou.
“O ideal seria seguir o zoneamento climático e com boa umidade do solo o produtor pudesse tranquilamente semear a soja e o milho”, disse. “Mas a situação este ano reforça a necessidade que o produtor tem de fazer um plantio direto cada vez mais correto, de alta qualidade, guardando mais água no solo com proteção de palhada bem feita para não enfrentar problemas com o clima”, acrescentou.
SOJA – O clima ainda está muito seco para o plantio da soja. Por enquanto houve cultivo apenas na região Sudoeste do Estado. Na média dos últimos três anos, o plantio já teria ocupado uma média de 8% da previsão de área plantada. No ano passado nessa mesma época já havia 3% da área prevista plantada. O que não é pouco se considerar que o Deral está prevendo um plantio recorde de 5,54 milhões de hectares na safra 20/21, disse o economista Marcelo Garrido.
Segundo ele, o produtor não está propenso a plantar enquanto as chuvas não retornarem com mais intensidade, o que está um pouco difícil em ano de anúncio da corrente La Niña, em que a incidência de chuvas nas regiões Sul e Sudeste é menor.
O economista chamou a atenção para um quadro semelhante ocorrido no ano passado quando houve falta de chuvas até o mês de setembro, mas quando voltaram no mês de outubro o plantio foi em ritmo acelerado. O Deral mantém a previsão de produção de 20,4 milhões de toneladas de soja na safra 20/21.
Se por um lado o produtor está um pouco frustrado com as chuvas, por outro está animado com as vendas antecipadas de soja. Este ano, 37% da produção esperada já foi vendida, mais do que o dobro do ano passado, quando nessa mesma época 15% da safra estava vendida, comparou Garrido.
A soja continua com preços elevados, em torno de R$ 127,00 a saca com 60 quilos, atribuídos à valorização do grão no mercado internacional e ao câmbio também valorizado. A China continua comprando muita soja, elevando a demanda mundial.
MILHO – Apesar do período seco, 34% da previsão de plantio de milho para a temporada 20/21 já foi efetivada. Ao contrário da soja, esse percentual não é muito se considerar que a previsão é plantar 360 mil hectares na primeira safra, disse o analista do Deral, Edmar Gervásio. A maior parte do plantio de milho ocorreu nas regiões de Ponta Grossa, Guarapuava e Região Metropolitana de Curitiba, que juntas detêm mais de 50% de toda a área plantada no Estado nesse período do ano.
O ideal para o plantio ocorre nos meses de outubro e novembro. Mas os produtores preferem antecipar para plantar a segunda safra de milho com mais folga no início do ano que vem.
A segunda safra de milho do período 2019/20 está sendo finalizada com bons preços para o produtor e uma perda de produção em relação ao que vinha sendo esperado. Está com 98% da área plantada já colhida, devendo alcançar um volume de 11,7 milhões de toneladas, cerca de 1,5 milhão de toneladas a menos que a expectativa inicial do Deral, que era colher 13,1 milhões. Nessa safra foram plantados 2,28 milhões de hectares.
A cultura foi prejudicada pela falta de chuvas que provocaram prejuízos em torno de R$ 1 bilhão aos produtores. “Esse valor é o que o produtor deixou de ganhar, mas certamente está sendo compensado com a elevação nos preços que nos últimos dias ultrapassaram os R$ 50,00 a saca com 60 quilos”, disse Gervásio. Na média do ano os preços se mantiveram acima de R$ 40,00 a saca durante o ano, o que foi muito bom para os produtores, acrescentou.
Novamente, ao contrário da soja, o milho não é vendido de forma tão antecipada, sendo que somente 8% da produção esperada de milho para a safra 20/21 foi vendida. A venda antecipada caminha junto com a colheita, disse Gervásio.
A valorização do milho ocorreu em função do aumento de mais de 40% nas exportações das carnes suína e de aves, elevando a demanda pelo grão que se transforma em proteína animal. (Da assessoria)