Uma professora e um estudante do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU), da UEL, receberam a Carta Patente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) de um sistema construtivo inovador, direcionado a habitações populares, que une economia e sustentabilidade. A nova patente da Universidade Estadual de Londrina foi conseguida após 10 anos de processo. O sistema prevê a possibilidade da habitação ser transferida, com o reaproveitamento de todos os materiais.
O Sistema Construtivo Leve de Alto Desempenho para Vedação Vertical foi concebido pela professora Berenice Carbonari, do Departamento de Construção Civil, e pelo arquiteto Reginaldo de Matos Manzano, então aluno de mestrado, atualmente doutor em Engenharia Civil. Eles desenvolveram o sistema para participar de concurso de um fabricante de cimento com a temática habitação sustentável. A dupla não venceu o concurso, mas percebeu que a criação tinha características inovadoras a ponto de merecer a patente.
O sistema inova por abrir mão do tradicional tijolo e cimento, substituídos por uma construção modular, utilizando kit composto por pilar, viga, madeira de reflorestamento e placas em concreto celular, mais leve. Segundo os inventores, esta construção só é possível a partir do fornecimento dos kits, pré-fabricados, para serem usados em economia de escala, ou seja, na construção de conjuntos populares.
Eles explicam que as vantagens estão no barateamento do processo construtivo, com rapidez, menor custo, durabilidade e conforto térmico. É possível construir uma unidade de cerca de 100 metros em apenas duas semanas. Esta unidade poderia ser posteriormente desmontada, sem qualquer comprometimento dos materiais. Para se entender o sistema, os inventores orientam que o processo é modular e racionalizado.
As placas cimentícias são colocadas em camadas duplas (uma interna e outra externa), formando paredes. Todo o acabamento hidráulico, elétrico e rede lógica ficam embutidos no interior das placas. No processo encaminhado ao Inpi, os inventores definem o sistema como uma simplificação de todos os processos e métodos para a execução do produto final.
Ainda de acordo com os inventores, o novo sistema construtivo respeita os chamados três ‘Rs’ da construção civil – reciclar, reutilizar e reaproveitar. Reginaldo explica que a durabilidade dos materiais está garantida porque toda a estrutura em madeira, incluindo a base dos pilares, é escondida, ou seja, embora esteja aparente, não toma chuva.
INOVAÇÃO – Todos os detalhes foram pensados para garantir a viabilidade do sistema. Os inventores recomendam que a habitação seja construída sob uma laje maciça, do tipo Radier, fundação rasa que se assemelha a uma placa, abrangendo toda a área da construção. Outra observação relacionada à estrutura é que a casa tem carga bem distribuída, embora utilize fundação mais rasa.
Os detalhes de acabamento também foram contemplados. A proposta é que as casas tenham cores diferenciadas. O concreto pode ser pintado. Na parte frontal eles sugerem um brise em madeira para impedir a incidência solar no interior, melhorando o conforto térmico, além de agregar valor ao projeto original. A dupla afirma ainda que o sistema permite alterações e ampliações, muito solicitadas nos projetos populares.
A partir da confirmação da patente, a expectativa dos inventores é encontrar parceiro para que o sistema possa ser produzido em larga escala, contribuindo para reduzir o déficit habitacional. Em 2009, quando o Sistema Construtivo Leve de Alto Desempenho para Vedação Vertical foi criado, o Brasil acumulava um déficit 7,7 milhões de unidades. Atualmente, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE/2015, o déficit habitacional do país chega a 6,35 milhões de unidades. (Da assessoria).