Artigo
O que é um Patrimônio Cultural no espaço comunitário? Como ele está relacionado ao constructo da memória, identidade, história, narrativas e as fontes oficiais e não oficiais? Como ele pode contribuir com a (re)configuração de sentidos e subjetividades na (re)formulação da identidade de um povo? Quais os papéis da Comunicação e da Educação no (re) norteamento da visão história destes espaços e símbolos? Qual o sentido da História Pública na relação com os Patrimônios Culturais e como pode-se construir caminhos para uma real compreensão destes espaços na legitimação da cultura dos sujeitos sociais inseridos nestes cenários? Estas e outras questões me provocam a pensar sobre como o Patrimônio Cultural de uma comunidade é observado e compreendido pela população, pelos agentes públicos. Quais os ruídos de comunicação ou interferências – principalmente, algumas, de ótica política – apresentam-se na transmissão de sua missão história e manutenção da memória.
Tenho buscado refletir sobre esta temática e decodificar estas questões, no desejo de entender como as representações sociais individuais e coletivas, como aponta Roger Chartier (historiador francês vinculado à quarta geração da Escola dos Annales e pesquisador do campo da história cultural), são construídas, sob o aporte de determinados referenciais históricos estabelecidos/reconhecidos. Antes, precisamos entender que cultura é um conjunto de significados criados e partilhados pelos homens para dar sentido ao mundo.
O Patrimônio Cultural, portanto, entendido por diversos manifestos e linguagens da expressão humana, são elementos que marcam a história e a cultura de um povo e legitima a compreensão de sua representação por gerações posteriores, no âmbito da ação de popularização do sentido deste mecanismo histórico – cultural. Podemos defini-lo como “memória”, a qual, estas gerações – do tempo presente e futuras – poderão ter acesso no (do) espaço-tempo.
Quando tecemos uma reflexão a respeito do tema, entrelaçamos com outros temas igualmente importantes, numa intersecção de esferas, como: reconhecimento dos patrimônios históricos, leis de proteção ao Patrimônio Público Histórico e Cultural, organismos institucionais e comunitários vinculados à defesa histórica, as pesquisas no campo, os trabalhos educativos e de conscientização, os descobrimentos de potenciais culturais que, antes, ainda não havia sido entendidos como patrimônios culturais material e/ou imaterial. Lhes convido para que, na próxima edição, possamos aprofundar um pouco mais sobre o Patrimônio Histórico e Cultural da comunidade. Preservá-lo é um compromisso com a história, o qual não podemos nos apartar. Até lá!
Tiago Silvio Dedoné
Mestre em Formação de Gestores Educacionais; Jornalista e Pedagogo; Doutorando em Educação (PUC/PR); Doutorando em História (UPF/RS); Mestrando em História Pública (UNESPAR); Professor na Educação Básica (Colégio ECEL) e no Ensino Superior (Faculdade Dom Bosco)