A ferrugem asiática é a doença que mais causa prejuízo à cultura da soja. Segundo informações da Embrapa Soja, o custo médio com a doença é de US$ 2,8 bilhões por safra no país. Ela é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.
Para ajudar a combater a doença, pesquisas da UEL (Universidade Estadual de Londrina) uniram professores e estudantes dos cursos de Matemática, do CCE (Centro de Ciências Exatas), e Agronomia, do CCA (Centro de Ciências Agrárias). As pesquisas envolvem dois diferentes programas de pós-graduação.
O professor Paulo Natti orienta o mestrando Eduardo Oliveira Belinelli, do Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada e Computacional. Já o professor Marcelo Giovanetti Canteri, do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, orienta o doutorando Lucas Henrique Fantin. O objetivo é entender o processo de dispersão do fungo da ferrugem asiática, propor medidas de prevenção e combate à doença.
Marcelo Canteri explica que a ferrugem asiática não é importante nos Estados Unidos nem na Argentina porque a planta da soja não sobrevive no inverno nesses países, mas a doença é importante no Brasil, que tem a planta durante a estação fria do ano. Países vizinhos plantam a soja antes. Por isso, saber de onde vêm os esporos é importante para o controle da doença
MONITORAMENTO – A simulação por computador permite saber de onde vêm os esporos do fungo que causa a ferrugem asiática e qual a distância que pode percorrer. Como se trata de grandes regiões, realizar experimentos ficaria inviável. Nesse sentido, o mestrando Eduardo Belinelli realiza uma simulação, a partir de frentes frias, para compreender a dispersão dos esporos do fungo no estado do Paraná.
Ao todo, ele utiliza dados de várias frentes frias, registradas até 2018, para gerar informações que podem ajudar na prevenção e no controle da ferrugem sanitária. “Desenvolvi uma sequência de comandos e finalizo em um programa de simulação [GNU Octave]”, explica o mestrando. Ele está finalizando a dissertação para o programa em Matemática Aplicada e Computacional e deve defendê-la no mês de fevereiro.
A dispersão dos esporos do fungo depende do tipo de frente fria registrada e suas características. O professor Paulo Natti explica que há dois tipos de frente fria, com ocorrência no Paraná, que interferem no processo de dispersão. Uma vem da região amazônica e a outra da região polar. Natti explica que a partir de informações disponíveis de 2018, sobre a contaminação pelo fungo em áreas do Paraná, os pesquisadores calibram o programa com parâmetros que podem realizar a previsão – a partir de frentes frias – em outros anos.
PARCERIAS – O professor Marcelo Canteri destaca a parceria interdisciplinar dos dois programas de pós-graduação da UEL. Ao compreender o processo de dispersão dos fungos é possível estabelecer medidas como a adoção do vazio sanitário, a antecipação de semeadura, o plantio de variedades tolerantes e o controle químico.
O doutorando Lucas Fantin, que pesquisa modelos de simulação para prever a ocorrência de resistência do fungo Phakopsora pachyrhizi a fungicidas, afirma que modelos de simulação como os usados na UEL já foram utilizados para identificar os esporos do fungo nos Estados Unidos.
O vazio sanitário consiste no período em que é proibido manter plantas vivas nas lavouras. Após a colheita, o produtor deve destruir os pés de soja a partir de produto químico ou procedimento físico. No Brasil, o procedimento foi implantado, pela primeira vez, em 2006. Segundo a Embrapa, 13 estados e o Distrito Federal adotam a medida. O período vai de maio a setembro, variando de acordo com o estado. (Agência UEL).