Adriana Quintino Sanchez Palacio Tozatti, historiadora e mestranda

‘Museus a Céu Aberto’

Entre lápides, coroas de flores, santos e velas, Adriana Quintino Sanchez Palacio Tozatti, historiadora e mestranda do Programa de Pós-graduação em História Pública (PPGHP), da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Campo Mourão, explora o complexo universo da história da morte, suas manifestações culturais, ritos e costumes. Contrariando a visão de muitos, ela revela que os cemitérios não são apenas locais definidos por tristeza, luto e horror. “Os cemitérios são páginas de um livro aberto, onde cada lápide, cada inscrição, conta uma parte da história da nossa comunidade”, diz ela. “Eles se revelam como testemunhos de manifestações artísticas, culturais e ideológicas”.

Através de suas pesquisas, Adriana busca compreender a relação dos cemitérios com o público, e como este espaço representa a evolução social, tradições e valores de uma comunidade. Ela explora a ideia de cemitérios como “museus a céu aberto”. Com experiência em estudos cemiteriais, ela também integra um programa de pós-graduação na Argentina, na Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco, dedicado aos estudos sobre a morte e cemitérios. “Essa experiência internacional permite uma compreensão mais profunda sobre como diferentes culturas percebem e representam a morte”, afirma a pesquisadora.

A materialização dos rituais associados à morte e ao luto se revela em diversas representações. As memórias e lembranças dos que se foram são visíveis nesses locais, eternizadas em fotografias que capturam um último momento, uma última recordação daquele que partiu, às coroas de flores, como uma maneira delicada de homenagem, e aos anjos de pedra que vigiam os túmulos de crianças. Segundo ela, “é um domínio onde emoções e memórias transcendem a finitude, uma celebração da vida através da maneira como honramos nossos mortos”.

Cemitério Municipal de Maringá. Fonte autora.

A pesquisa vai além da superfície, explorando como a sociedade lida com estes espaços de memória. “Compreender como o fim da vida é percebido, representado e entrelaçado na trama social e cultural de uma comunidade revela muito sobre o local”, ela analisa.

Através de seu trabalho, Adriana Tozatti busca romper estereótipos, revelando a importância dos cemitérios para a narrativa histórica local. “Cada lápide conta uma história, cada nome gravado é um lembrete da conexão humana que desafia a morte”, conclui, reiterando a importância de valorizar e entender nossa relação com estes espaços sagrados e históricos.

A arte tumular, refletida nesse mausoléu, é uma expressão da lembrança dos entes queridos e um testemunho cultural e histórico. A cruz no topo alude à fé cristã e à esperança na vida após a morte, enquanto a cúpula arredondada sugere influências arquitetônicas antigas.

O emblema verde pode representar corações entrelaçados ou folhagem estilizada, simbolizando talvez o amor eterno ou a continuidade da vida. No interior, delicados arranjos de flores denotam o carinho e a memória viva dos visitantes. As janelas de vidro mantêm uma conexão transparente com o ente querido, e a inscrição gravada. Essas inscrições são frequentemente utilizadas para oferecer conforto aos visitantes e para resumir o legado ou crenças da pessoa que repousa ali. A predominância das cores claras evoca sensações de paz e pureza, contrastando com o verde vibrante que pode simbolizar a vida eterna e a renovação. Esse mausoléu serve como uma representação tangível das crenças e emoções daqueles que o erigiram, conectando o mundo dos vivos à espiritualidade eterna.

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