Com apoio do Governo do Paraná, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) vai desenvolver três projetos de pesquisa voltados à piscicultura, atividade produtiva que envolve a criação comercial de peixes. O objetivo é assegurar a saúde e a qualidade dos peixes de água doce, sobretudo a tilápia, espécie mais cultivada do Brasil. Presente em todas as regiões do Brasil e com expressivo potencial econômico, essa produção está sujeita a doenças e contaminação por bactérias, algumas identificadas por pesquisadores da UEL.
A iniciativa acadêmica envolve recursos da ordem de R$ 500 mil, sendo R$ 250 mil do Fundo Paraná, dotação de fomento científico e tecnológico administrado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Os recursos serão destinados para aquisição de um equipamento de sequenciamento genético e reagentes químicos. O aporte estadual faz parte de um pacote de investimento de R$ 28,9 milhões para 67 projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), anunciado em outubro deste ano.
A partir de um acordo de cooperação, o restante do orçamento, R$ 250 mil, será aplicado como contrapartida pela empresa Simbiose, uma das principais produtoras de insumos microbiológicos da América Latina. O montante da iniciativa privada será investido em insumos e no pagamento de bolsas-auxílio para pesquisadores de pós-doutorado. A empresa está começando a desenvolver soluções inovadoras para a saúde animal no ramo da piscicultura.
O coordenador das pesquisas, professor Ulisses de Pádua Pereira, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UEL, destaca a importância do fomento científico. “As iniciativas nesta área são fundamentais para manter o desenvolvimento de pesquisas que geram produtos tecnológicos e inovadores para o mercado e também para assegurar a permanência de pesquisadores qualificados nos programas de pós-graduação”, afirma.
“Esse incentivo é fundamental para continuarmos avançando e mantendo a piscicultura paranaense em destaque na produção e exportação, com foco em uma cadeia produtiva sustentável”, complementa.
PROJETOS – Os estudos científicos serão conduzidos pelo Laboratório de Bacteriologia de Peixes (Labbep) do Centro de Ciências Agrárias da UEL. Um dos projetos propõe o diagnóstico rápido de doenças infecciosas nos peixes, importante para facilitar a identificação de patologias nos criatórios, que pode resultar em prejuízos para os produtores. A tecnologia a ser desenvolvida prevê o diagnóstico em até 30 minutos, diferente do convencional, que demora uma semana.
O segundo projeto busca identificar probióticos, que são microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio da microbiota intestinal, com efeitos benéficos para a saúde dos peixes e outros animais aquáticos. A microbiota intestinal regula a absorção, pelo intestino, de nutrientes ingeridos pela alimentação e pelos medicamentos. O uso de medicamentos naturais, por exemplo, são considerados sustentáveis, na medida que podem reduzir a aplicação de insumos químicos e antibióticos.
A outra pesquisa está relacionada com a produção comercial de vacinas contra as principais doenças infecciosas de peixes. A UEL detém o conhecimento e a tecnologia de produção de imunizantes que apresentam resultados superiores aos disponíveis no mercado. O intuito é produzir e comercializar essas vacinas em grande escala.
SETOR – A produção de tilápia acontece em ambientes controlados de água doce, como açudes, viveiros e tanques. De acordo com a Associação Brasileira de Piscicultura, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia, espécie que representa 63,5% de toda a produção nacional. No Paraná, somente em 2023, a produção da tilápia alcançou a marca de 194 mil toneladas, legitimando, mais uma vez, a liderança do Estado nessa atividade produtiva. (Assessoria)