A procura por alimentos orgânicos, que já vinha aumentando, acelerou com a pandemia. O que se percebe são consumidores mais conscientes, preocupados em saber a origem dos alimentos que consomem e dispostos a comerem de forma mais saudável.
Para dar conta do aumento da demanda, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento está implementando o programa Paraná Orgânico.
O objetivo é fomentar com mais intensidade a produção orgânica de alimentos em todo o Estado. “Com o aumento da demanda do consumo de alimentos orgânicos, estamos acelerando os trabalhos de apoio ao produtor”, afirmou o engenheiro agrônomo André Luis Alves Miguel, coordenador do projeto de Agroecologia do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IDR.
A proposta do novo programa é incorporar mais 7 mil produtores à atividade orgânica, totalizando em torno de 10 mil produtores em todo o Estado. O IDR uniu a pesquisa agroecológica e a extensão rural para ajudar os produtores a fazerem a reconversão das propriedades, e ajudar a construir as bases para atender o mercado e a merenda escolar.
O programa prevê ações na assistência técnica, pesquisa, certificação, organização dos agricultores e da produção e aperfeiçoamento permanente de um cadastro. Também vai atuar junto com a iniciativa privada para agilizar o aumento da produção.
O Paraná é o líder nacional na produção de alimentos orgânicos com quase 4 mil produtores certificados e em processo de certificação. No Ministério da Agricultura estão cadastrados 3.502 produtores paranaenses, que representa uma participação de 17,54% no número de produtores de orgânicos em todo o País. Ainda segundo o Ministério, são 3.363 unidades produtivas que trabalham com orgânicos no Paraná, presentes em 177 municípios.
Segundo André Luis Alves Miguel, muitos produtores já estavam acostumados a entregar a produção a domicílio, através de cestas ou sacolas de produtos. Por causa da pandemia, houve uma adaptação e essa modalidade de venda ultrapassou as expectativas. Outra percepção é que o consumo de orgânicos aumentou também nos supermercados, inclusive nas grandes redes varejistas.
Por isso, os produtores de orgânicos foram os menos afetados com o novo cenário de isolamento das pessoas.
“Agora o Paraná está diante desse desafio de fomentar o aumento de produção. O interesse dos produtores está crescendo ainda mais”, disse. Eles querem ampliar a área de produção, mas esbarram na suspensão do processo de certificação por causa da pandemia. Segundo Miguel, esse processo requer a reunião de produtores e técnicos para avaliação dos processos e visitas às propriedades e por causa da aglomeração eles foram suspensos.
Muita coisa está sendo feita online, mas está mais lento, admite o técnico.
A Secretaria da Agricultura e o IDR estão empenhados em ajudar esse setor, com o treinamento e capacitação de técnicos e produtores. Também vão ampliar as unidades de referência para que sejam feitos dias de campo e estimulem o produtor a adotar essa modalidade de cultivo.
Para o engenheiro agrônomo e assessor regional de Agroecologia do IDR, Julio Carlos Bittencourt Veiga Silva, é nítida a busca do consumidor por alimentos mais saudáveis, livre de resíduos químicos. “Estamos vendo um novo olhar da sociedade sobre a produção de orgânicos”, disse ele. “As pessoas sabem que precisam fortalecer seus sistemas imunológicos como uma das formas para enfrentar a pandemia e que as moléculas químicas derivadas dos agrotóxicos sobrecarregam o sistema imunológico e produzem doenças”, acrescentou. (Da assessoria)