Capacitadas por projeto da UENP, pequenas agricultoras expandem produção de orgânicos

Beneficiadas pelo projeto de extensão “Empoderamento de Mulheres com a Construção de Plano de Negócios da Produção Orgânica e Transformação da Produção”, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), pequenas produtoras da região de Ribeirão Claro e Carlópolis assumiram papel de liderança em suas propriedades rurais e expandiram a produção de orgânicos.

Coordenado pelo professor Rogério Barbosa Macedo, do curso de Agronomia da UENP, e iniciado em 2022, o projeto busca promover a participação feminina nos empreendimentos comunitários de agricultura familiar. “As mulheres têm grande importância na agricultura familiar por serem responsáveis diretas na comercialização dos produtos. Consequentemente, elas possuem um olhar mais atento e responsável, o que é imprescindível para a execução de um bom plano de negócios”, explica Rogério.

O projeto atende mulheres agricultoras que fazem parte da Associação de Agricultores de Produtos Orgânicos (APO) de Ribeirão Claro. A APO realiza os pedidos dos alimentos para que os produtores se organizem com o plantio e para a colheita e entrega semanal. A produção orgânica dessas propriedades é, em maioria, distribuída para nove escolas estaduais dos municípios de Ribeirão Claro e Carlópolis, além das escolas municipais de educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos em Ribeirão Claro.

A ação extensionista busca diversificar a exploração agrícola ao dar maior sustentabilidade e estabilidade à economia familiar, diminuindo os riscos econômicos provocados pela oscilação dos preços e da produção. O projeto também promove reuniões formativas e cursos voltados especificamente para as mulheres que fazem parte das pequenas propriedades rurais.

Larissa Brambilla Pinto, estudante de Tecnologia em Agronegócio e bolsista de extensão, comenta que, apesar da experiência das produtoras na agricultura, o projeto trouxe clareza a elas. “Faltava clareza no que se refere à entrega dos produtos, da programação em si, quanto de alimento deveria ser produzido em uma semana para fazermos os pedidos das mudas, quanto seria entregue para a APO, quanto seria destinado aos demais comércios. A construção de um plano de negócios individual para cada propriedade trouxe essa clareza”, relata Larissa. A bolsista explica que algumas das produtoras não são titulares das propriedades de agricultura familiar, mas estão diretamente envolvidas com a produção de orgânicos. É o caso de Ana Regina Gonçalves Nardo, de 51 anos. Ela e o esposo, João Carlos, têm uma pequena propriedade na qual o forte é a produção de tomate e mandioca. “Na pandemia, meu marido perdeu o emprego, e começamos a produção de orgânicos em 2020. Com o dinheiro que ele recebeu da empresa, usamos para investir numa pequena área, que estava parada por falta de tempo. No início, tínhamos apenas uma pequena estufa de 300m², onde plantávamos apenas para consumo próprio. Começamos pelas escuras, sem nenhum planejamento”, relata Ana.

“Com as reuniões que temos com as produtoras e com o plano de negócios, eu consegui deslanchar. As visitas e o projeto abriram muito a minha mente. Tenho trabalhado sem medo, com clareza. Hoje, me sinto em papel de liderança aqui na nossa propriedade, estou à frente do negócio”, acentua a produtora, relatando ter conseguido construir uma estufa com o dobro do tamanho, o que ajudou no aumento da produção.

Ana conta que a expectativa é aumentar a variedade de produtos orgânicos de sua propriedade. “A minha propriedade é pequena, mas estou bem animada. Pretendemos plantar folhosas, beterraba, além da mandioca e do tomate, já temos maracujá e abóbora, e ainda queremos plantar uvas. Praticamente fiz uma salada aqui!”, brinca a agricultora.

Maria de Lourdes Baroni Pedroso, de 57 anos, também é uma das beneficiadas pelo projeto. Trabalhando desde a juventude com o pai na produção agrícola familiar, hoje, ela e o marido, Cláudio, cultivam folhosas. “O pessoal do projeto vem aqui na nossa propriedade e orienta sobre o que a gente precisa, vê o que podemos passar na verdura, porque é tudo orgânico. Eles dão um apoio bem grande! Desde que o projeto começou, conseguimos tirar melhor as verduras. Temos pra quem vender, já que vai direto para as escolas. Então, pra gente, está sendo muito bom”, comemora Maria.

Além da bolsista e do professor coordenador, a equipe do projeto também é integrada por Denise Lutgens Rizzo, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, em Ribeirão Claro, e por Diego Contiero, biólogo do Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (NEAT) da UENP. Por meio da Chamada Pública para o Programa Mulheres Paranaenses: Empoderamento e Liderança, a ação de extensão é fomentada pela Fundação Araucária. (Assessoria)

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