Conselho de Administração da Copel aceitou estender até março do ano que vem o desconto de 60% para que próximo governo tenha tempo de debater o tema.
Em um sítio na área rural de Rio Negro, na Região Metropolitana de Curitiba, Sergio Preisler e a família se equilibram em uma verdadeira corda bamba para produzir aves. Eles têm um barracão com capacidade para alojar 11 mil frangos por lote, em períodos de cerca de 60 dias cada (40 de alojamento e 20 de descanso) no sistema de integração. Mas para que dê tudo certo e os animais sejam entregues para a indústria gerando renda para os avicultores é preciso regular uma equação cheia de variáveis. E um dos principais fatores nessa conta é o gasto com energia elétrica, que representa, na média estadual, 20% do custo de produção.
A granja de Preisler possui 10 ventiladores elétricos, acionados via sensor sempre que a temperatura sobe além do limite para o conforto das aves. Com o desconto da Tarifa Rural Noturna, de 60% entre as 21h30 e 6h da manhã do dia seguinte, a conta de energia fecha em torno de R$ 400 por mês. “Só que o nosso consumo de energia vai aumentar ainda mais, pois a empresa exigiu mais cinco ventiladores dentro do barracão, a partir do início de janeiro. Ou seja, minha conta de luz irá aumentar em torno de 50% [considerando que no verão é preciso acionar mais a ventilação]”, lamenta.
Para entender melhor, Preisler abre os números. O pecuarista recebe perto de R$ 0,70 por cabeça entregue à indústria. O seu custo de produção está em torno de R$ 0,60 por animal, ou seja, no melhor cenário consegue fazer sobrar pouco mais de R$ 1 mil a cada lote. Qualquer aumento no custo de produção vai consumir recursos dessa fatia. “Hoje, esse desconto de energia é muito importante, pois a margem é muito apertada. Se conseguirmos baixar 2 ou 3 centavos por cabeça, é um dinheirinho a mais. Se tiver que pagar mais luz, vai sair do nosso bolso. Ninguém vai cobrir isso para nós”, explica.
A Tarifa Rural Noturna, aplicada desde 2007, beneficia milhares produtores no Paraná. A cobrança diferenciada foi viabilizada por meio de um Termo de Cooperação Técnica entre a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab). O incentivo vem sendo renovado anualmente.
Porém, desta vez, o Conselho de Administração da Copel aceitou estender apenas até março do ano que vem o desconto de 0% no valor da energia elétrica consumida por produtores rurais do Paraná entre 21h30 e 6h. Isso com a exigência de que o governo estadual assuma, até 15 de janeiro, a responsabilidade pelo pagamento do subsídio. Também será necessário informar à empresa o interesse pela continuidade do desconto e a forma como ele será custeado nos meses seguintes.
Essa decisão, por mais que temporária, é um alento para os pecuaristas, que, em novembro deste ano, começaram a receber avisos da Copel de que o desconto teria fim a partir de 1º de janeiro de 2019. Desde então, a FAEP atua para que a renovação do desconto ocorra. (Assessoria FAEP).