Dino Veiga - 1947/1951. Primeiro prefeito eleito, após o período da “Era Vargas” (fotografia obtida no site da Prefeitura de Bandeirantes).

SEPTUAGÉSIMA SEGUNDA PARTE

Walter de Oliveira*

De volta à listagem e agora já não somente dos pioneiros, senão, de todos que até hoje atuaram na administração do município, sejam como gestores ou legisladores. Nas edições anteriores nós listamos dez prefeitos, seis dos quais na vigência da chamada “Era Vargas” (1930/1945), durante a qual, como já foi dito, esses gestores eram nomeados por decretos governamentais (exceto o caso de Eurípedes Rodrigues – que governou o município de 02 de março de 1936 a 05 de dezembro de 1941-, eleito por “sufrágio universal”).

Como os leitores notaram, à parte o caso de Eurípedes Rodrigues, cujo mandato foi de mais de cinco anos, dos nove outros (que foram nomeados), apenas Domingos A. M. Soares Pereira e José Assunção governaram entre um e dois anos; os demais, questão de ano ou meses. E muitos leitores se quedam perguntando do porquê dessa espécie de “corrida de bastão” na política bandeirantense de então. Tão normal essa curiosidade, que a leitora Suely Bazoli disse “estranhar o pouco tempo que cada um dos prefeitos listados ocupou o cargo”.

Embora o foco desses “fragmentos” seja a simples continuação da listagem das nossas personagens políticas dos tempos em questão, achamos de todo pertinente dar algumas rápidas explicações do porquê daquelas, diríamos, “gestões relâmpagos”. Considerações essas, que ao fim e ao cabo – como é de gosto se dizer em tais momentos – se prendem a situações inerentes ao “mando e ao poder”, e que, se ocorrem hoje, ocorreram e ocorriam desde era imemoriais. Outra razão não era que uma “estratégia” para “acomodar” interesses e, às vezes, por que não, até para a satisfação de egos?

Às vezes, a nomeação era para “homenagear” um prestigiado representante da agricultura; outras, para o interventor ganhar as graças e o apoio político de uma forte liderança regional, e foi assim, e por isso (e não porque ninguém quisesse ficar no cargo), que à época, se dava tão celeremente a mudança do cetro de uma para outra mão. Mas o que ficou de bom de tudo isso, é que tudo terminou bem, e Ozório Gonçalves Nogueira encerraria com chave de ouro o período dos nossos “prefeitos nomeados”.

Vamos então adiante, e a partir desta edição, cada item da listagem fará menção ao “ano da eleição”, ao “nome do prefeito” e aos “nomes dos vereadores” (e apenas eventualmente de suplentes, posto que nos valeremos de informações do TRE). E atentamos também para o fato de que dos nomes que se seguirão, alguns deles virão acompanhados da respectiva legenda política. São informações não constantes da relação do TRE, mas que nós acrescentamos por ser de nosso conhecimento pessoal. Assim, após a gestão de Ozório Nogueira e o retorno das eleições gerais no país, nós tivemos:

a) Eleições de 1947 – Prefeito: Dino Veiga. O fato de Dino Veiga ser dos primeiros farmacêuticos a aturarem na cidade e a sua peculiar maneira de lidar com as pessoas, terminaram por encaminhá-lo para o campo político, no qual ele teve carreira das mais exitosas, eis que anos mais tarde e já deputado estadual, foi presidente da Assembleia Legislativa. Neste seu pleito de estreia (como nos demais), sempre esteve filiado ao Partido Social Democrático – PSD, que no Paraná, teve como suas maiores lideranças Moysés Lupion e Plínio Franco Ferreira da Costa. À essa época não existia ainda a figura do vice-prefeito, e à eventual ausência do prefeito, fazia-lhe as vezes, o presidente da câmara municipal. Dino Veiga tomou posse em 09 de dezembro de 1947 e governou o município até 04 de dezembro de 1951.

Os tempos eram os mais difíceis, com um governo recém-saído de uma década e meia de regime ditatorial, escassez de recursos e muita demanda por estes, da parte de centenas de municípios que haviam acabado de serem criados, como o nosso próprio, com pouco mais de dez anos de emancipação. Mas a despeito de tudo isso, Dino Veiga satisfez as expectativas da população, tanto que o seu sucessor, o usineiro Luiz Meneghel, foi por ele apoiado.

Vereadores eleitos: Ozório Gonçalves Nogueira (PSD), Benedito Esteves Rodrigues, Luiz Meneghel (PSD), Josué Alves Aranha (PSD), Silvino Barbosa de Lima (PSD), Amiral Henriques (PSD), Joaquim Pinheiro de Freitas, Joaquim Araújo (UDN – União Democrática Nacional), Benedito Bernardes de Oliveira (UDN), Moacyr Castanho (UDN), Hermínio Guedes de Moura (UDN), Vicente Rodrigues de Matos (UDN), Vitório Bertachi (PSD) e Hamilton Oliveira Filho (PSD). Esses dois últimos, foram eleitos suplentes e assumiram pela renúncia e/ou desistência dos eleitos Ozório Gonçalves Nogueira e Benedito Esteves Rodrigues.

À oportunidade em que estamos falando em administradores públicos, e mais especificamente em “Câmara de Vereadores”, os leitores, por óbvio, visualizam a prefeitura e a câmara em seus respectivos prédios em que realizam suas atividades e atendem ao público. É importante, todavia, lembrar que, em se falando de Bandeirantes, nem sempre foi assim. Aqui, e isso até 21 de janeiro de 1973, a câmara simplesmente não tinha existência física. É o que se vê das informações passadas pelo contador da Câmara Municipal e responsável pelo setor de RH da casa, Rogério Aparecido da Silva, a quem agradecemos. Até então, a nossa câmara não ia além de “apêndice” da prefeitura, que lhe cedia uma funcionária que “lavrava as atas das sessões” e cuidava da correspondência.

A câmara não tinha orçamento próprio e por consequência, também não tinha contabilidade, uma situação, que embora fosse absurda, foi por mais de vinte longos anos, vista como normal pelo Tribunal de Contas do Estado, um fato que certamente, e já de há muito tempo, não mais seria tolerado por esse órgão.
Mas embora formando uma câmara sem uma infraestrutura própria, foram os vereadores eleitos em 1947, os doadores dos dois belos e valiosíssimos crucifixos que estão, um no plenário e outro na secretaria da câmara, como a lembrar (essa a intenção daqueles vereadores – e que nada recebiam pelo exercício dos seus mandatos) a seriedade dos trabalhos realizados naquela casa.
Continua.
* Walter de Oliveira, 92, articulista desta Folha, é bandeirantense, nascido em 1932

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