O repovoamento dos rios teve início com a criação do Promulp, projeto social de clubes de pesca para multiplicação de peixes

Da redação com assessoria

Mais de 500 mil alevinos de espécimes nativas estão contribuindo, desde janeiro deste ano, para o repovoamento dos rios Paraná, Piquiri e Iguaçu. O Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), oferece apoio técnico à iniciativa de recuperação da fauna do Estado.

O repovoamento dos rios teve início com a criação do Promulp, em 2018, por pescadores e diretoria do Clube de Pesca Maringá. Trata-se de um projeto social de clubes de pesca para multiplicação de peixes.

Neste ano, a ação ganhou a parceria da Itaipu Binacional, que doou matrizes para desova, e do Instituto Federal do Paraná (IFPR), que realizou a produção das larvas em laboratório. São feitas a indução hormonal, fertilização artificial e desenvolvimento dos embriões em incubadoras.

Somente no último final de semana 60 mil alevinos de pacus foram soltos no Clube de Pesca Amambay, em Foz do Iguaçu. De acordo com o chefe regional do IAT em Foz do Iguaçu e patrono do Promulp, Carlos Piton, esse incentivo vem de encontro com a política de sustentabilidade do Governo do Estado. “A garantia de peixes nativos, principalmente no rio Paraná, significa um ganho muito grande para a pesca, que é uma atividade milenar, e também para o lazer familiar e para o turismo”, disse.

É preciso que os peixes se desenvolvam até 15 cm de cumprimento para estarem aptos à soltura. Os cuidados diários para o desenvolvimento das larvas até sua maturação incluem o desenvolvimento e rações específicas nesta fase de vida. “Com todo esse cuidado, conseguimos atingir a marca de 60% de aproveitamento das larvas que recebemos da Itaipu e do IFPR. Pesquisas apontam que, normalmente, o aproveitamento de larvas em laboratório não ultrapassa 15%”, destacou Carlos Piton.

De acordo com o presidente do Clube Maringá, entidade colaboradora do Promulp, Renato Cesar Fávaro, a parceria com o órgão ambiental estadual permitiu a produção direta de peixes nativos para soltura na natureza. “Foi o suporte do IAT que permitiu que esse projeto caminhasse de forma legal, com a emissão de licenças para soltura adequada e peixes com certificação e genética”, destacou. “Sentimos a necessidade de fazer alguma coisa quando vimos a falta de peixes nos rios”.

Os peixes foram soltos nas regiões Oeste e Noroeste do Estado. Para o chefe regional do IAT em Toledo, Taciano Maranhão, junto com a manutenção das espécies está a conscientização da população, que passa a saber da importância delas no rio Paraná. “Muitas espécies são afetadas pela pesca predatória e nessa região, principalmente, não tem reprodução do peixe, por não haver áreas alagadas. A única maneira de garantir a fauna nativa, portanto, é através da soltura de peixes, ou seja, o repovoamento”, disse.

REPOVOAMENTO – Os 500 mil alevinos soltos nos rios do Estado são pacus e curimbas. A expectativa é desenvolver, ainda neste ano, outros 150 mil espécimes de piracanjubas, piaparas e curimbas. Este último faz parte da cadeia alimentar de outros peixes nativos, como dourado, surubi e jaú.

Segundo o gerente do Clube Maringá, Ozires Narinatsu, já é possível ver resultados positivos e práticos, especialmente no Oeste do Estado. “Recebemos o retorno dos pescadores sobre a presença de peixes novos, o que não existia nessa região, onde só subiam peixes maiores. Isso é bom para todos os lados, porque é nessa fase que eles podem se reproduzir”, afirmou.

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