Com a venda do material reciclável, recurso angariado será destinado para a compra de cadeiras de rodas para entidades sociais da microrregião

No dia 17 de fevereiro, o Rotary Club de Bandeirantes entregou para a reciclagem 2,3 toneladas (2.300 quilos) de blisters (cartelas de remédios). O valor de R$ 2.300,00 arrecadados com a venda do material será destinado para a compra de 20 cadeiras de rodas, que serão divididas entre as três cidades participantes do Projeto Cartela Solidária: Bandeirantes, Cornélio Procópio e Santa Mariana. A entrega dos blisters encerrou a segunda etapa do projeto, que teve início em 2019.

O evento é um grande marco para o meio ambiente. Ao considerar que cada cartela vazia pesa, em média um grama, ao reciclar 2,3 toneladas, a população das três cidades evitou que cerca de 230 mil cartelas fossem descartadas no meio ambiente. Segundo o artigo “O potencial contaminante do descarte incongruente de blister farmacêutico: soluções ambientais”, produzido por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, do campus de Ponta Grossa, os blisters são um dos materiais que mais oferecem riscos para a vida animal e vegetal do planeta, pois é constituído por componentes extremamente poluentes: o plástico pvc e o alumínio, além dos resíduos químicos provenientes dos remédios.

“Ao reciclarmos os blisters, estamos ajudando na preservação das águas do nosso planeta. As cartelinhas ao encontrarem o meio ambiente vão, aos poucos, se dissolvendo e se transformando em microplásticos, que poluem os estuários dos rios, os oceanos, os mares e os manguezais, sendo um grande prejuízo para a natureza. Esse é um trabalho socioambiental e educativo, que conscientiza a população sobre a importância da preservação do meio ambiente para a continuidade das futuras gerações”, explica Armando Meneghel, idealizador do projeto e membro do Rotary Club de Bandeirantes. “O tempo de degradação das cartelinhas de remédio no meio ambiente é muito longo, o que torna ainda maior a importância do projeto”, afirma Roberto Castanho, presidente do Rotary Club de Bandeirantes”. Então, nós em conformidade com as diretrizes do Rotary Internacional, que incentivam a preservação da natureza, estamos mandando essas mais de duas toneladas de material para ser reaproveitado, remanufaturado e transformado em novos produtos”, complementa.

ALTA COMPLEXIDADE LOGÍSTICA PARA A RECICLAGEM – Os blisters são embalagens primárias, ou seja, estão em contato direto com os medicamentos, por esse motivo são considerados resíduos perigosos e não podem ser descartados no lixo comum. No entanto, também não podem ser descartados na coleta seletiva das cidades, seu destino são pontos de coleta específicos, o que não existe em grande parte do Brasil.

Sem local adequado de descarte, as cartelas de medicamentos acabam, em sua grande maioria, no lixo comum, poluindo o meio ambiente. Os obstáculos para a reciclagem dos blisters são muitos e vão desde a escassez de pontos de coleta e indústrias específicas de reciclagem, até o transporte adequado do material. Essa dificuldade logística em concomitância com a pandemia da Covid-19 acabou forçando a interrupção da recolha de cartelas de remédio pelo Rotary Club de Bandeirantes, apesar do grande envolvimento da comunidade e da importância socioambiental do projeto. “Por hora, infelizmente, o projeto está pausado. Hoje, não temos condições de dar uma vazão adequada à reciclagem das cartelas. Não fosse a grande ajuda da transportadora Matão que cedeu um caminhão para o transporte desse material, a Usina Bandeirantes, que emprestou o espaço para armazenamento do imenso volume de cartelas e da recicladora BRPLAS, em Bauru, que aceitou receber os blisters, não teríamos conseguido destinar corretamente o material coletado pela comunidade”, afirma Irma Mariotti, uma das idealizadoras do projeto e também membra do Rotary Club de Bandeirantes.

Os materiais que compõem as cartelas de medicamentos, se descontaminados e tratados adequadamente, podem ser transformados em diversos produtos, como tubos de caneta e até portas. No entanto, sem trabalhos como o realizado pelo Projeto Cartela Solidária, acabam incinerados ou em aterros sanitários comuns, poluindo o meio ambiente.

O PROJETO – O Projeto Cartela Solidária teve início em 2019 e, a partir de uma ampla divulgação, logo conquistou as graças dos moradores da cidade de Bandeirantes, Santa Mariana e Cornélio Procópio. Diversos locais abriram suas portas para se tornarem pontos de coleta dos blisters. Comércios, escolas, igrejas e casas de repousos foram absolutamente participativos. Semana após semana, mais e mais cartelas eram separadas e entregues pela população até atingir o montante de 2,3 toneladas e o espaço de armazenamento se esgotar por completo. Desde a interrupção da coleta do material, até a entrega para a reciclagem no último 17 de fevereiro de 2022, passou-se mais de um ano. Esse foi o tempo que o Rotary Club de Bandeirantes levou trabalhando para encontrar empresas parceiras dispostas a dar um destino ambientalmente correto para os blisters.

O montante de R$2300,00 reais arrecadados com a venda do material para a reciclagem será utilizado para comprar 20 cadeiras de rodas, que serão distribuídas para entidades sociais das três cidades participantes do projeto. “A finalização dessa fase do projeto é um momento de agradecimento a toda a comunidade, aos rotarianos, ao comércio da região e a todas as empresas, em especial, a Transportadora Matão, a Usina Bandeirantes e a recicladora BRPLAS, que colaboraram para que o projeto se concretizasse”, afirmou Paulo Roberto Balla, governador do distrito 4710.

Também participaram da realização do projeto: Roberto Carlos de Castro, Leonides Araújo, José Roberto Altizani, Waelson de Oliveira, Aureliana Balla, Suely Ap. Guerra Dias, Carla Boti da Silva, Francyelle Joaquim Sanches, Ivanilde Messias, Osvaldir Messias, Antonio Castanho, Sergio Vilela e os coordenadores do projeto em Cornélio Procópio Sandra Alino e em Santa Mariana, Marcelo Aparecido Destro. (Texto Júlia Mariotti / Foto internet)

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