Um dia desses, eu estava assistindo o episódio de um seriado famoso, onde as pessoas viviam em função de ganhar estrelas através de um aplicativo. Tudo que a pessoa fazia, era publicado e com isso, ela era avaliada e ganhava de 1 a 5 estrelas. Quando as pessoas se cruzavam, dava pra saber automaticamente quantos pontos de avaliação ela tinha. Pessoas com alta pontuação, de 4 pra cima, tinham muitas vantagens. Maiores descontos, melhores convites.
E as pessoas com baixa avaliação, eram barradas em muitos lugares, evitadas.
Esse seriado de ficção retrata na verdade a realidade. Estamos vivendo isso no dia a dia.
Quando você olha um perfil numa rede social, geralmente vai olhar quantos amigos a pessoa tem ou quantos seguidores. Quando você vê um vídeo, logo olha o número de visualizações que o vídeo tem, como se isso determinasse a qualidade do conteúdo. E sabemos que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Pensem comigo: Estamos perdendo a nossa identidade por causa das mídias sociais?
Há o caso de um ex-modelo, muito bonito que necessitava o tempo todo de elogios por escrito numa rede social. Não bastava elogiá-lo por telefone por uma foto publicada. Ele pedia que o elogio fosse feito na foto e caso não fosse exatamente como ele gostaria, pedia para corrigir. Um caso típico de uma pessoa que necessitava de autoafirmação e que provavelmente acabou perdendo a sua identidade. Não sabia quem ele era sem a ilusão que as mídias sociais trazem.
Há também as pessoas que não conseguem mais viver relacionamentos reais. Preferem acreditar nas imagens que elas projetam nas pessoas que conhecem virtualmente, a construir relacionamentos verdadeiros, com todas as nuances boas e ruins. É muito mais fácil nos relacionarmos com aquela pessoa perfeita, ideal que criamos. Se por acaso houver alguma característica que não gostamos ou alguma discussão, basta bloquear a pessoa e passa-se para a seguinte.
E então, eu pergunto a vocês: estamos perdendo a nossa identidade para nos tornarmos aquilo que as mídias aprovam? Estamos vivendo somente no mundo ilusório virtual? Com isso, estamos investindo menos energia na vida real?
Sempre que vou a um restaurante, a primeira coisa que observo são as pessoas à minha volta. Vejo muitas delas com seus celulares na mão, casais inclusive. Penso que ambos estão conversando entre si, por mensagens. Se fosse isso, até que não seria tão grave. Mas sabemos que não é verdade.
É muito comum também, tirar uma foto do prato pedido no restaurante, para depois de fato comermos, porque temos que postar nas mídias, mandar nos grupos.
Por que??
Ah, claro, precisamos mostrar que estamos nos divertindo, comendo coisas gostosas, bem acompanhados, em lugares da moda, que a nossa vida é perfeita!
E que disse que vida perfeita não é feita de situações imperfeitas?
Obviamente que geralmente não postamos fotos quando estamos tristes, estressados, desanimados. Isso não significa que estamos mentindo. Claro que vamos querer registrar
aquele momento alegre, até para eternizá-lo. Então, a crítica sobre pessoas que só postam coisas legais e querem mostrar uma vida ilusória de felicidade, também não procede.
Quem somos nós para julgar?
É muito comum ouvirmos: Nossa, você viu o que aconteceu com Fulano? Parecia que levava uma vida perfeita!
Se tivermos um pouquinho de bom-senso, saberemos que todos nós passamos por situações boas e situações onde enfrentamos dificuldades. Todos nós!
Acredito que o importante é não nos perdermos de nós mesmos! Conservar a nossa essência, nossos valores, apesar de todas as mudanças pelas quais passamos ao longo da vida e que são necessárias para o nosso crescimento.
Existe alguma razão pela qual você tenha vindo da forma que veio, com as suas características físicas, emocionais. Existem coisas que só você pode fazer, à sua maneira. E isso é maravilhoso!
Não vamos cair na armadilha da comparação. Vamos somente nos espelhar em bons exemplos para que nos melhoremos como seres humanos. Mas não vamos nos diminuir. Tampouco achar que somos melhores. Somos apenas diferentes e precisamos sim, uns dos outros para vivermos diferentes tipos de experiências.