A nova “moda” de brincadeira (quebra-crânio) entre os adolescentes (brincadeira besta, eu diria) é derrubar uma pessoa com uma “rasteira”. A queda, muitas vezes, leva a pessoa a bater a cabeça no chão. Se eu que sou leiga, fiquei horrorizada, imagino o que sentem os neurologistas ao verem uma cena como essa.
Segundo a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, “esta queda pode provocar lesões irreversíveis ao crânio e encéfalo, além de danos à coluna vertebral. Como resultado, a vítima pode ter seu desempenho cognitivo afetado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo aos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito”.
É triste admitir, mas esses jovens são reflexos da má educação que estamos dando a eles, e da falta de amor, atenção e cuidados. Como consequência, muitos são difíceis de lidar, preguiçosos, não tem foco e persistência e não sabem o que querem. Aliás, só querem receber, e tudo para ontem. Não sabem esperar. Não sabem batalhar, desistem ao menor sinal de dificuldade.
E mesmo tendo tudo em mãos, esses adolescentes não parecem felizes. E por que será?
De acordo com Simon Sinek, um autor britânico, os adolescentes estão sendo criados acreditando que são muito especiais, que podem tudo e que o mundo está aí para servi-los. São superprotegidos, e quando crescem e são jogados o mercado de trabalho, percebem que não são tão especiais assim e que precisam batalhar para conseguir algo na vida. Isso gera muito estresse e ansiedade.
E a tecnologia, que está aí para nos servir, é mal-usada também. Passamos muito tempo usando o celular para coisas inúteis e navegando pelas redes sociais. O celular registra o tempo que desperdiçamos por dia fazendo nada de útil, mostrando ao mundo nas redes sociais o quanto temos uma vida aparentemente incrível, muitas vezes mascarando nossas depressões e dores. Estamos viciados nelas. E sabe por que? Porque as curtidas que recebemos nas publicações levam a sensações boas, por causa da liberação de dopamina que acontece (as mesmas sensações que acontecem quando bebemos e fumamos). É por isso que ficamos viciados. E é por isso que os adolescentes também não largam o celular, nem para comer. E cada vez que se sentem frustrados, estressados, ansiosos, se refugiam nas redes sociais. E se as nossas crianças e adolescentes estão assim, é porque nós assim estamos e eles nos copiam.
Beber e fumar é restringido até uma certa idade, mas usar o celular, não. Então eles buscam conforto onde não deveriam.
Isso tudo contribui para que essa geração não aprenda a se relacionar. Os relacionamentos são muito superficiais, tanto que quando tem algum problema, a maioria não se abre com alguém, preferindo desabafar nas redes. A autoestima também está muito baixa entre os adolescentes. E a ciência está aí para comprovar que quanto mais tempo passamos no mundo virtual, mais depressivos podemos ficar.
Pense… Se você sai com um amigo e fica com o celular à mão, isso mostra subliminarmente que esse amigo não é tão importante.
Os relacionamentos se aprofundam e se fortalecem conversando, ouvindo, mostrando interesse genuíno pelas pessoas, olhando nos olhos, rindo. É tão bom tudo isso e é o que temos que ensinar às nossas crianças e adolescentes. Eles são reflexos de nós mesmos.
Precisamos ensinar o que é o amor pela vida, pelas pessoas, pelo trabalho, para que eles não passem pela vida sem encontrar alegria e satisfação na vida.
Temos a responsabilidade de ajudar essa geração a crescer confiante, aprender a ter paciência, habilidades sociais, vencer desafios e encontrar um equilíbrio na vida, fazendo um bom uso da tecnologia.